terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Arcano 17: a ESTRELA: saber que dias melhores virão

“Eu sei que é terrível tentar manter a fé quando as pessoas estão fazendo coisas tão horríveis… Mas, quer saber no que eu às vezes penso? Eu penso que o mundo está atravessando uma fase, da mesma maneira que eu atravessei uma fase difícil com minha mãe. Vai passar. Talvez não leve centenas de anos, mas algum dia irá terminar. E eu ainda acredito, apesar de tudo, que as pessoas são boas, no fundo dos seus corações.”
Anne Frank _ (Frankfurt am Main, 12 de Junho de 1929 — Campo de Concentração Bergen-Belsen, início de Março de 1945)
Até a 2ª Guerra Mundial parte da Europa tolerava o racismo e o anti-semitismo como algo normal e até natural. Quando os nazistas levaram a extremos inimagináveis essa maneira enganosa, tendenciosa e preconceituosa de pensar e agir, o resto do mundo percebeu que não poderia sob qualquer circunstância aceitar ou continuar sendo complacente com o ódio. Esse tipo de revisão e reforma de filosofia, direcionamento e intenção é a base do significado do Arcano XVII, a Estrela.

A ESTRELA é a 17ª carta dos Arcanos Maiores e pode ter sua numeração (17) reduzida (1+7) a 8, que é o número da carta da Justiça, dentro do padrão Marseille do tarot. É a combinação da racionalidade, imparcialidade e do equilíbrio (Justiça) com a intuição, harmonia e fé que a Estrela propõe. Também podemos entender, dentro da simbologia dessa carta, a necessidade de perseverarmos, de mantermos a confiança em nós mesmos e sermos otimistas e aproveitarmos as oportunidades e sabermos nos adaptar às circunstâncias.

A ESTRELA fala da humildade que devemos ter ao nos considerarmos parte da Natureza, nem melhores ou piores que os demais seres e elementos que a compõe mas iguais em importância. Além da idéia de união com a Natureza, com o Divino, a nudez e simplicidade dessa carta nos remete às origens da vida. A ESTRELA nos dá coragem para termos a esperança de que o nosso mundo também irá renovar-se, purificando-se nas águas, pois ainda que encontremos obstáculos em nosso percurso, a vida continua.  É a força do  trabalho emocional que desenvolvemos quando desejamos transformar uma idéia em realidade. É uma fusão de dois fluxos de consciência para criar um outro, maior, que podemos denominar intuição. Nós podemos mudar nossos destinos e para tanto basta-nos ter a necessária humildade de nos submetermos, de nos curvarmos, de trazermos o nosso ego a um ponto de equilíbrio, lavando-o das máculas do orgulho, da vaidade, do egocentrismo.

Numa leitura de tarot, dependendo da questão proposta pelo consulente, das demais cartas que a acompanham e da sua posição no esquema de jogo, a ESTRELA quase indefectivelmente simboliza otimismo, esperança e abertura a novas oportunidades. É uma carta de fala de renovação, quando o consulente pode recomeçar uma situação já existente ou então começar do zero, em algo novo e diferente. Essa é uma carta que sugere livrar-se da sobrecarga de detalhes, incidentes, fatos, compromissos, incidentes e que se busque o verdadeiro âmago da questão. É uma volta a um estado básico, muito mais simplificado e que requer uma limpeza. Portanto, se a pessoa estiver se sentindo ferida ou prejudicada, é hora de lavar-se de toda a dor, eliminando o sofrimento passado. Pode parecer difícil, mas renovar é algo que necessitamos experimentar continuamente. Significa ser humilde, não querendo sobrepujar os outros com atitudes de arrogância e orgulho. Humildade também não é reduzir-se a nada, esquivar-se de seus compromissos consigo próprio e com a vida. É reconhecer-se como parte integrante de algo maior, e não “ser o maior”. Essa é a base do aspecto otimista deste Arcano, pois quando confiamos num futuro que não dependa exclusivamente de nossos próprios esforços, estamos reconhecendo a interferência ativa de algo maior e isso é o que chamamos de Fé.

Numa posição mal dignificada na jogada, ou seja invertida ou quando representa as dificuldades e obstáculos no esquema do jogo, a ESTRELA pode significar que tememos o futuro, tememos sermos nós mesmos e tememos o que os outros possam pensar de nós. Temos dificuldade de expressar nossos sentimentos e, em especial, o amor. Pode ser indicativo de que estamos nos sentindo isolados e que estamos sofrendo de tensão e de ansiedade. Pode significar que a pessoa, envolvida numa miríade de detalhes, tenha perdido o rumo da própria vida. Isso é muito comum quando o assunto é trabalho e também pode acontecer quando vivemos um relacionamento em que estamos muito mais interessados na sua história e nos ressentimentos e rancores que experimentamos. Quando o consulente se sente reprimido ou à margem da vida, talvez seja necessário expor-se as feridas que provocam essa dor e limpá-las, permitindo a sua cura.

Em qualquer que seja o posicionamento da carta na jogada, ela significa, em última instância, uma das 3 Virtudes Teológicas, a Esperança (as outras 2 são Fé e Caridade). Após um período de sombras, chegou a hora de despertar novamente para a luz. Novas possibilidades aparecem no horizonte após o vendaval cósmico que provocou alterações em nosso espírito, alertando-o para uma mudança, às vezes, radical. Forças externas podem ter provocado essa mudança, mas se ficarmos atentos à nossa intuição, à nossa voz interior, iremos perceber melhor a nossa necessidade de nos transformarmos. Respeitando esses nossos ciclos estaremos nos reciclando, nos preparando para novas metas que serão vividas com o reconhecimento humilde de quanto ainda temos a realizar e aprender.

A Estrela, como os demais corpos celestes, é uma bússola da qual podemos nos valer em busca de orientação em nosso caminhar. Ela nos ajuda a compreender que rumo seguir, que direção devemos tomar, servindo como um farol que nos permite navegar com segurança e êxito pela vida.

Devemos lembrar que é quando temos autoconfiança e fé em nós mesmos, quando nossas emoções e nosso espírito estão harmonizados, que ouvimos a voz do nosso Guia Interior.

“Nós nos agarramos a alguns sonhos, quando tudo, ideais, esperanças, tudo está sendo destruído.”
Anne Frank _ (Frankfurt am Main, 12 de Junho de 1929 — Campo de Concentração Bergen-Belsen, início de Março de 1945)

Nenhum comentário:

Postar um comentário