sexta-feira, 2 de maio de 2014

ÁS DE PAUS: as chamas da Criatividade


Quando penso em criatividade, mas criatividade no seu mais puro sentido, aquele que fala em “dar vida” a algo que, de alguma maneira, necessita que alguém “canalize”, imagino algo semelhante à imagem acima. 
Tudo bem que o Bob Dylan seja um reconhecido artista e, portanto, muito fácil associar qualquer imagem dele (ou de qualquer outro artista) ao tema criatividade. Mas o que sempre mais me chamou a atenção nesse pôster desenhado pelo célebre artista gráfico norte-americano Milton Glaser, que também foi a capa de um disco e de um CD dele, é o fato que os cabelos (ou a parte superior do crâneo) parecem chamas, num crepitar alucinógeno.

Penso que, graficamente, o processo criativo, essa fagulha que provoca incêndios transformadores, que coze a argila que permite as formas e que insufla a vida em tudo que toca, não poderia ser melhor representado. Se repararmos bem, não existe um padrão nas formas sinuosas, nem na combinação cromática. Tudo está em movimento. Nada é igual e nem se repete. 

Ainda não existem uma forma ou uma idéia únicas, mas há um pulsar de vida que promete novas maravilhas. Vontade, desejo, coragem de assumir riscos, ousadia, tudo se agita numa dança de acasalamento que acabará por gerar novos frutos. 

 
 Quando observamos algumas representações do Budha encontramos, no ponto mais elevado de sua cabeça o chamado Lótus de Mil Pétalas, aquele sinal que simboliza a sua conexão com o Universo, por onde a inspiração penetra seu ser, onde a Iluminação acontece. Percebo, ainda que de uma forma de ilustrar típica dos anos 70 e 80, a mesma intenção, do artista gráfico, em retratar esse homem cujas letras e músicas ajudaram a expressar os anseios de uma geração. 


 No tarot, o ÁS DE PAUS, como todos os outros 3 Ases, representam promessas, possibilidades, algo sendo concebido. Paus, sendo a transcrição gráfica do elemento Fogo,
fala de energia. Daquela energia que nos faz sentir motivados, que nos incita a seguir adiante, que nos faz explorar novos recursos, que nos faz acreditar, ter fé e a experienciar algo que está além do material, racional ou do emocional.

Paus é a varinha de condão das fadas, que todos os desejos nos concedem; Paus é a colher da feiticeira, a agitar intenções em seu caldeirão que cozinha realidades. Paus é a vassoura das bruxas, que as permitem desligar-se da realidade de voar num plano mais elevado. Paus é também o cabo do instrumento que nos permite vencer adversidades, explorar recursos e construir novas situações. Paus é o bastão do Mago, servindo-lhe de “antena” e conectando céu e terra. Paus é também o bastão do jogador que, numa tacada, impulsiona a bola e faz o jogo acontecer.
 E o que é Criatividade, a não ser isso tudo? 
Sejamos, então, a bola, impulsionada em seu vôo, pelo poder do Universo.

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