A ideia arquetípica do Amor, daquele amor que encontramos
nos folhetins, nas novelas mais bregas, nos cartões do Dia dos Namorados,
aquele amor com Cupido pairando numa nuvem pronto para disparar suas setas e
inflamar corações apaixonados. Essas imagens todas também fazem parte dessa
carta que, entre tantas e tantas possibilidades, nos fala das escolhas que
fazemos.
Escolher o/a parceiro/a ideal é tarefa árdua. Envolve, além
de todo o mais, compartilhar com um outro alguém a vida com tudo o que ela tem
a oferecer de positivo ou não. É um chegar à conclusão de que aquela pessoa é
com quem queremos estar juntos na intimidade, momento em que normalmente
baixamos guarda, nos despimos das nossas máscaras sociais, e nos revelamos por
inteiro.
Por mais que nestes tempos que correm os compromissos entre
casais de amantes possam abdicar de cerimônias e ritos religiosos, de
documentação expedida em cartórios, de arautos a comunicar à sociedade a
formação de mais um novo casal, apesar de tudo é uma escolha significativa e
que, como todas as demais, implica em consequências, inclusive legais.
Portanto, escolher a pessoa com quem queremos compartir nossa vida, é um ato
que ultrapassa o simplesmente emocional e envolve, também, algumas reflexões,
algumas considerações.
Na carta do Arcano VI, OS AMANTES, normalmente vemos ilustrada
a figura de um jovem entre 2 mulheres (uma mais velha que a outra) com Cupido
(ou um Anjo) a observar a cena, pronto para disparar sua flecha. É um momento
de decisão, de escolha. É quando temos que optar por abandonar a liberdade ou a
solidão que o estar solteiro proporciona, com todos os seus benefícios e
mazelas, e escolher uma nova direção, uma nova experiência, para nossa vida.
Mas esses casamentos, essas uniões, não acontecem apenas no
plano sentimental, da constituição de uma família, mas também no trabalho, nas
sociedades que estabelecemos, nos grupos e partidos aos quais nos filiamos, nos
compromissos que assumimos. Em todos esses poucos exemplos há escolhas, há
momentos em que temos que optar por algo e isso significa abandonar outra
possibilidade. É essa responsabilidade em ter que decidir sozinho/a entre o que
realmente se deseja e o que é melhor para nós, entre o que é bom e o que é mau,
entre o que é útil e o que é dispensável, entre as vantagens que possivelmente
teremos e o abrir mão de outras tantas, é o que nos provoca angústia. Não temos
mais quem tome essas decisões em nosso lugar. Não temos mais pais e mães
decidindo a roupa que vamos usar, o clube que iremos frequentar, as festas às
quais iremos, onde passaremos as férias, a escola em que estudaremos. Agora é
por nossa conta.
Mas, e a grande maioria das ilustrações d’OS AMANTES não
deixa dúvidas, há algo maior, acima da razão e da emoção do momento, a nos
orientar nessa escolha. O símbolo disso é o Anjo, ou o Cupido, personagens,
neste caso, que representam a presença da Espiritualidade, a intervenção de uma
consciência mais elevada nesse nosso momento de decisão. Alguns chamam a isso
de Anjo da Guarda, outros, de pura intuição. Não importa o nome que se dê, mas
é reconfortante saber que não estamos absolutamente sós nesses momentos e que
nossas escolhas também recebem o suporte de o quanto o nosso aspecto espiritual
está em harmonia com o físico, o intelectual e o emocional.
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