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terça-feira, 22 de abril de 2014

A SACERDOTISA: o arquétipo da Mãe




Existem algumas cartas no tarot que desafiam uma definição simplista, algo do tipo “x representa mudança de planos, y sugere renascimento, etc”. O Arcano Maior de número 2 é exatamente uma dessas exceções.
A SACERDOTISA, ou a ALTA SACERDOTISA, ou a PAPISA, é uma das primeiras e mais significativas cartas da sequência de 22 do tarot. Os arquétipos que representa, o do feminino sagrado, da deusa, da mulher em conexão com o divino, da mãe-terra, da sábia, da feiticeira, do depositório dos segredos, da guardiã dos mistérios, todos se combinam num só e tem sua representação pictórica e simbólica na SACERDOTISA. 


Sua figura quase sempre é mostrada como uma mulher envolta em trajes que lhe escondem as formas pois, afinal, ela simboliza o feminino não-corpóreo, a idéia do feminino-gerador, do feminino-mãe. A maioria dos artistas a retratam silenciosamente sentada, com um livro aberto em seu colo, reforçando a idéia que ela é possuidora de todo o conhecimento e que só alcançamos a esse mesmo conhecimento quando a ela nos conectamos. Senta-se entre duas colunas (as mesmas do Templo de Salomão: Boaz e Joachin) como que ocultando o que há além delas. Para adentramos ao espaço sagrado do Templo, para nos dirigirmos ao Santo dos Santos precisamos da sua permissão, necessitamos estudar, aprender e conhecer os Mistérios do Sagrado. Precisamos mergulhar no grande mar que é nosso racional e irmos ao fundo, às profundezas, à morada do conhecimento ancestral, aquele que existe desde o início dos tempos.


Quando sonhamos, quando vamos ao analista, ou mesmo quando meditamos estamos fazendo esse mergulho, estamos entrando em contato com a SACERDOTISA. Sua maneira de comunicar-se é através de sonhos, de flashes de memórias, de intuições, de situações de dejà vu, de insights, de idéias que nos acometem vindas aparentemente do nada. Algumas vezes necessitamos de ajuda especializada para decifrarmos esses “recados” e temos em Freud e Jung os grandes estudiosos dessa linguagem simbólica com a qual o nosso subconsciente “dialoga” conosco.

Em nosso dia a dia reconhecemos pessoas com as características da SACERDOTISA naquelas que são misteriosas, reservadas, moderadas, discretas, responsáveis e sérias até mesmo consideradas antissociais. São as sensíveis, eruditas, extremamente teóricas, nada práticas. Às vezes melancólicas, tem dificuldade de comunicar-se, de expressarem seus sentimentos, mas são muito sábias, espiritualizadas e bastante intuitivas. Arquetipicamente representam a mãe, ou seja, a idéia que a maioria de nós faz do “papel” de mãe.

As encontramos como intérpretes dos deuses do panteão grego nas pitonisas de Delfos; a reencontramos na figura de Maria, mãe de Jesus, silenciosa em seu mister de ser mãe do filho de Deus; estão presentes em todos os tempos como ocultistas, médiuns; são bibliotecárias, arquivistas, pesquisadoras, arqueólogas, historiadoras.

Quando, numa tiragem de tarot essa carta surge poderá estar nos sugerindo usarmos da nossa intuição em nosso benefício; prestarmos atenção aos nossos sonhos, buscando decifrá-los; ouvirmos nossa “voz interior”; nos dedicarmos ao nosso desenvolvimento espiritual; guardarmos segredos que nos são confiados; nos dedicarmos aos estudos e até mesmo sermos mais modestos, mais discretos.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Um mergulho no inconsciente: O Diagrama de Leitura "A Sacerdotisa"



O tarot não é um instrumento de adivinhação, mas de reflexão. Se pararmos uns instantes para pensar que os primeiros baralhos de tarot datam do século 15 e que a psicanálise nasceu na primeira metade do século 20, temos um longo espaço de tempo em que essas cartas colaboraram com que os que delas se utilizavam para refletir sobre suas ações, seus comportamentos e estados de espírito. É claro que a Igreja também assumiu esse papel ao instituir o sacramento da Confissão: quando o fiel fazia o "exame de consciência", reconhecia suas faltas, seus "pecados", e se arrependia deles, estava "livre" dos mesmos. O processo é mais ou menos semelhante numa sessão de análise: verbalizamos aquilo que nos incomoda e dissecamos os seus componentes. A partir daí nos "libertamos" das nossas angústias pois passamos a reconhecer e dominar o que nos parecia sombrio ou difícil de aceitar.

Importante: os oráculos não pertencem ao âmbito da Ciência e sim do Esoterismo. Portanto eles (todo e qualquer oráculo) não são substitutos nem alternativas para a consulta, avaliação e o diagnóstico em qualquer especialidade do Conhecimento Científico.



O esquema de jogo aqui apresentado chama-se "A Sacerdotisa" e versa sobre o que há nos planos consciente e inconsciente de quem o consulta, bem como propõe refletir sobre o que fazer para harmonizar os mesmos.

As 3 (nº 1, 2 e 3) cartas na base da pirâmide representam o oceano profundo do inconsciente onde se alojam sonhos recentes, sincronicidades, coincidências, sabedoria interior e diversos símbolos importantes para quem consulta. O tarólogo não lê essas 3 cartas buscando uní-las num único significado, mas individualmente, nem faz julgamentos (bom/mau, positivo/negativo) a respeito. Elas são o que são: imagens a serem reconhecidas por quem consulta. Neste ponto deve-se confiar unicamente na intuição;

As 2 cartas da linha do meio representam aquilo que percebemos, que está mais próximo à superfície, chegando ao nível de consciência, mas cujas raízes (origens) estão firmemente plantadas no mais profundo do inconsciente.
A carta da esquerda (nº4) representa os aspectos negativos, o lado sombra que muitas vezes tentamos ignorar, esquecer, evitar, mas que, em assim procedendo, estamos só sedimentando sua presença e ampliando seu efeito.
A carta da direita (nº5) representa os aspectos positivos, aqueles recursos pessoais com os quais podemos contar.
Essas duas cartas devem ser equilibradas, praticamente se neutralizando, para que haja harmonia; se não estiverem, o tarot aconselha que se medite a respeito e, identificando os problemas e dificuldades, procure recuperar o equilíbrio;

Finalmente, a carta do nível superior (nº3) representa a superfície desse vasto oceano que é a nossa mente, aquela tênue linha onde o inconsciente e o consciente se encontram. A importância dessa carta é que ela justifica e dá significado às 5 primeiras cartas relacionando-as com fatos e eventos da vida de quem está consultando o tarot.


Neste exemplo temos a seguinte possível interpretação da capacidade intuitiva do Consulente (a pessoa que consulta o tarot):



Primeira Linha:
TEMPERANÇA (Arcano XIV): refere-se ao equilíbrio necessário nas relações interpessoais, na forma que organizamos nossa vida (trabalho x descanso); (na imagem este Arcano é chamado de Alquimista)
MORTE (Arcano XIII): costuma representar o fim de ciclos, o que é necessário terminar, aquilo que já não satisfaz e deve ser eliminado para que algo novo, mais positivo possa "nascer"; (na imagem acima este Arcano é chamado de Transfiguração)
CARRO (Arcano VII): simboliza a capacidade de administrar a própria vida a partir do aprendizado adquirido de experiências prévias;


Linha do Meio:
JUSTIÇA (Arcano VIII): nesta linha já podemos buscar interpretar as cartas e no caso desta, que ocupa a posição nº4, que neste esquema de jogo representa os aspectos negativos, pode-se interpretar como: agir de forma injusta, ser cruel, extremamente distante, frio e calculista, agir movido apenas pela razão, julgar os outros a partir do seu próprio ponto de vista.
DIABO (Arcano XV): ainda que esteja numa posição positiva, de acordo com a linha de interpretação proposta acima, esta carta sempre tem um "peso" negativo e acaba por influenciar as que lhe estão próximas. Portanto há um desequilíbrio  neste ponto que deve ser observado pelo Consulente. O DIABO representa vícios, nossas dependência (físicas, químicas, emocionais e espirituais), conflitos, brigas, desentendimentos, ignorância, preconceitos; (na imagem acima este Arcano é chamado de O Senhor Sombrio)



Linha Superior:
SACERDOTISA (Arcano II): não por acaso surge a SACERDOTISA, a própria representação da ligação entre os planos consciente e inconsciente, nesta posição. Esse Arcano sugere o estudo, o mergulho no conhecimento (científico, acadêmico, esotérico), o rasgar do tênue véu que separa o conhecimento ancestral, intuitivo, atávico que carregamos, e aquele que adquirimos na realidade do nosso cotidiano.

Possível Leitura: (sim, porque a leitura do tarot depende de "n" fatores e, em especial, da troca de informações entre o tarólogo e o consulente)
O Consulente deveria dedicar algum tempo na análise de como tem conduzido suas relações interpessoais, sejam na família, no trabalho ou no lazer. Observar se está sendo o suficientemente paciente, atencioso, pacificador, altruísta e compassivo com os seus semelhantes. Conter ímpetos de raiva, de sarcasmo e ironia; atentar para possíveis dependências (medicamentosas ou não) que possam estar estimulando uma série de estados de ânimo que podem influenciar no seu comportamento social e em particular.


Redução Teosófica: (soma dos valores numéricos de todas as cartas até que sejam reduzidas a um número entre 1 e 21, ou seja, o número das cartas dos Arcanos Maiores do Tarot)

14 + 13 + 7 + 8 + 15 + 2 = 59    5 + 9 = 14

 O nº14 compete ao Arcano TEMPERANÇA, que também está presente na Linha Inferior desta tiragem. A TEMPERANÇA sugere que se haja com paciência, buscando integrar todos os aspectos da vida em uma única e fluída harmonia. Ela representa os processos dos líquidos no nosso organismo (corrente sanguínea, sistema urinário, hormônios, etc), bem como as dependências, os vícios, sejam eles de bebida ou outras drogas lícitas e ilícitas, bem como os medicamentosos (soníferos, por exemplo). A TEMPERANÇA, na vida social, é a representante da diplomacia que deve sempre existir nos relacionamentos, em todas as áreas do convívio humano, pois ela representa a aceitação entre as diferenças, o pacífico convívio entre todos.
Portanto, com a SACERDOTISA ocupando o ápice desta pirâmide e a TEMPERANÇA na Redução Teosófica, o Consulente poderá refletir sobre o que é necessário reequilibrar dentro de si para que seus relacionamentos (em todos os níveis) possam ser mais efetivos e recompensadores.

Observação: as leituras oraculares, inclusive o tarot, em hipótese alguma substituem as consultas, diagnósticos e recomendações realizadas por profissionais devidamente credenciados da área da saúde e demais áreas do conhecimento científico e/ou acadêmico. As leituras e interpretações oraculares, inclusive as que se utilizam do tarot, servem como um suporte à meditação e reflexão.


domingo, 2 de fevereiro de 2014

Iemanjá: 2 de Fevereiro


"Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá.
 ......
É dia dois de fevereiro
Quando na beira da praia
Eu vou me abençoar."

Os Orixás, entidades dos cultos afro e afro-brasileiros, permeiam o nosso imaginário e somam à galeria de imagens mentais que fazemos dos santos e anjos e demais figuras místicas ou sacras de outras culturas e religiões.
No dia de hoje, 2 de fevereiro, especialmente o litoral, as partes banhadas pelo mar, recebem um expressivo número de pessoas, de todas as religiões, que vão prestar suas homenagens levando oferendas à Iemanjá, a Rainha, a Senhora do Mar.
Essa entidade espiritual, muito estimada principalmente pelos seguidores da Umbanda, religião nascida no Brasil (ainda que se utilize, em seu culto, das matrizes históricas, culturais africanas), encontra, nos oráculos (e este é um blog que se dedica a comentar sobre oráculos) muita semelhança, na minha opinião, com 2 dos Arcanos Maiores: a Sacerdotisa e a Imperatriz.
Ainda que a iconografia, a representação dessa figura mística seja quase sempre a de uma mulher bela e voluptuosa (semelhante a como a grande maioria dos artistas ilustram a carta nº 3 do tarot, a IMPERATRIZ) há, especialmente no fato de estar intimamente ligada ao elemento Água (mora no mar, transitando entre as profundezas e a superfície), o suficiente da SACERDOTISA, carta nº 2 do tarot.

ATENÇÃO: Nas próximas linhas estarei dando, respeitosamente, a minha interpretação dessa figura cultuada e reverenciada em termos místicos e religiosos exclusivamente sob a ótica oracular, ou seja, a da interpretação imagética do personagem nos jogos oraculares com cartas e tarots.

  O elemento Água é bastante importante para que possamos entender mais facilmente as qualidades, positivas e negativas dessa figura que, como todos os arquétipos, todas as figuras do tarot e dos oráculos, contém em si mesma esses 2 aspectos complementares.
Os líquidos representam a fluidez, a facilidade de contornarem obstáculos. Podem também ser pensados como exemplos de perseverança, afinal "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". Por serem amorfos, assumem a forma do recipiente que os contém, o que lhes dá, ao mesmo tempo, a ideia de facilidade de adequação, de conformismo, como a de não terem personalidade própria, de serem ums "Maria vai com as outras". Frequentemente simbolizam os nossos SENTIMENTOS, que são fluídos, que desconhecem barreiras mas, que, por outro lado, são volúveis, voláteis, instáveis.

Quando pensamos em mar imaginamos aquilo que vemos a olho nú e, também, o que não vemos, o que está submerso, o que imaginamos existir. Sabemos que nos mares e oceanos há momentos de calmaria, de total tranquilidade, e outros de tsunamis, de maremotos, de ondas gigantescas, de correntes marítimas que nos arrastam para longe da segurança. Assim também é o humor, os sentimentos dos seres humanos: o amor que sentimos hoje pode se transformar em ódio, a alegria que experimentamos em determinada situação pode resultar em tristeza, a indiferença pode tornar-se compaixão, a raiva transmutar-se em perdão.
A Iemanjá foram atribuídas grandes qualidades, entre elas estão a sensibilidade, o gosto pela arte, pelo belo, a fertilidade (afinal, a origem do seu nome é "a mãe dos peixes"), seu aspecto maternal, carinhoso, protetor. Num aspecto menos positivo (e tudo na ordem universal é feito de forças que se equilibram) essa entidade, cuja vaidade natural pode acabar por se transformar em orgulho e soberba, pode também usar mal o seu potencial sedutor, transformando-se num ser falso e volúvel.
Quando, num jogo oracular, a questão é dinheiro, o surgimento dessa Orixá é muito bem vinda pois, se o seu domínio são os mares, a quantidade de espécies e o volume de peixes e a sua fertilidade e facilidade de se reproduzirem, representam multiplicação, prosperidade, aumento de riquezas. Nos negócios, é bom ficar atento para ver se Iemanjá não está lhe alertando sobre alguém que possa estar lhe iludindo (o aspecto sereia, aquela que encanta os marinheiros com sua voz e, enlouquecendo-os, os conduz ao fundo do mar...).

Se, por outro lado, a questão do aconselhamento buscado é de origem amorosa é bom pensar que a própria história dessa entidade nos ensina que ela nunca ficou presa a um relacionamento que não fosse fundamentado na harmonia, nas demonstrações de carinho e apreço, numa forma idealizada de amar e ser amado. Portanto, pode ser um aviso que é preciso reforçar as atenções para com o parceiro, valorizando-o como ser humano e como parte fundamental do relacionamento.
Como é uma entidade que vive nas águas, ela pode chamar a atenção para alguns órgãos do nosso corpo como os rins, o estômago, a bexiga, o sistema circulatório que possam estar merecendo uma maior atenção (nunca deixe de consultar um médico para toda e qualquer avaliação sobre a saúde, prescrição e orientação no uso de medicamentos). Pode também representar instabilidade emocional e, até mesmo processos mentais pouco sadios (dependência de drogas lícitas ou ilícitas, depressão). Nesse momento é que percebemos, mais claramente, o arquétipo da SACERDOTISA (carta 2 no tarot) que é o limiar, o portal entre a realidade como a vemos e compreendemos, e os processos mentais mais profundo, mais interiorizados, com os quais temos contato através de sonhos, de insights, da sensação de dejà-vu, de intuições, e a maneira com que os interpretamos.

No sincretismo religioso, Iemanjá associa-se à Imaculada Conceição de Nossa Senhora e à Nossa Senhora dos Navegantes.

 
Num jogo, quando surge a majestosa e exuberante figura de Iemanjá, podemos estar, naquele momento, sincronizados com a necessidade de prestarmos atenção ao nosso corpo, de experimentarmos um novo corte de cabelo, por exemplo, em sermos um pouco mais vaidosos (sem incorrer em exageros de qualquer espécie, visto que a harmonia é fundamental); de redecorarmos (dentro das nossas posses) nossa casa, nosso local de trabalho, mesmo que seja colocando flores frescas nos vasos; em sermos mais generosos, mais atenciosos, mais diplomáticos, mais carinhosos em nossas relações interpessoais; de nos dedicarmos mais à família, sermos mais presentes, mais maternais, inundando nosso lar com abundantes doses de amor (o mar costuma ser considerado fonte de toda a vida, a origem de tudo o que vive, portanto Iemanjá é considerada a Grande Mãe); pode também significar que é tempo de navegar, viajar, explorar novos horizontes, ultrapassar fronteiras; e, finalmente, nos apercebermos que as tormentas e tempestades da vida são eventos naturais e surgem para reorganizar o que é preciso, mas que passam e novos tempos de águas tranquilas surgirão.

Odô-Iyá!

(para Daniela Guimarães, que compartilha seu aniversário com Iemanjá)