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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Um mergulho no inconsciente: O Diagrama de Leitura "A Sacerdotisa"



O tarot não é um instrumento de adivinhação, mas de reflexão. Se pararmos uns instantes para pensar que os primeiros baralhos de tarot datam do século 15 e que a psicanálise nasceu na primeira metade do século 20, temos um longo espaço de tempo em que essas cartas colaboraram com que os que delas se utilizavam para refletir sobre suas ações, seus comportamentos e estados de espírito. É claro que a Igreja também assumiu esse papel ao instituir o sacramento da Confissão: quando o fiel fazia o "exame de consciência", reconhecia suas faltas, seus "pecados", e se arrependia deles, estava "livre" dos mesmos. O processo é mais ou menos semelhante numa sessão de análise: verbalizamos aquilo que nos incomoda e dissecamos os seus componentes. A partir daí nos "libertamos" das nossas angústias pois passamos a reconhecer e dominar o que nos parecia sombrio ou difícil de aceitar.

Importante: os oráculos não pertencem ao âmbito da Ciência e sim do Esoterismo. Portanto eles (todo e qualquer oráculo) não são substitutos nem alternativas para a consulta, avaliação e o diagnóstico em qualquer especialidade do Conhecimento Científico.



O esquema de jogo aqui apresentado chama-se "A Sacerdotisa" e versa sobre o que há nos planos consciente e inconsciente de quem o consulta, bem como propõe refletir sobre o que fazer para harmonizar os mesmos.

As 3 (nº 1, 2 e 3) cartas na base da pirâmide representam o oceano profundo do inconsciente onde se alojam sonhos recentes, sincronicidades, coincidências, sabedoria interior e diversos símbolos importantes para quem consulta. O tarólogo não lê essas 3 cartas buscando uní-las num único significado, mas individualmente, nem faz julgamentos (bom/mau, positivo/negativo) a respeito. Elas são o que são: imagens a serem reconhecidas por quem consulta. Neste ponto deve-se confiar unicamente na intuição;

As 2 cartas da linha do meio representam aquilo que percebemos, que está mais próximo à superfície, chegando ao nível de consciência, mas cujas raízes (origens) estão firmemente plantadas no mais profundo do inconsciente.
A carta da esquerda (nº4) representa os aspectos negativos, o lado sombra que muitas vezes tentamos ignorar, esquecer, evitar, mas que, em assim procedendo, estamos só sedimentando sua presença e ampliando seu efeito.
A carta da direita (nº5) representa os aspectos positivos, aqueles recursos pessoais com os quais podemos contar.
Essas duas cartas devem ser equilibradas, praticamente se neutralizando, para que haja harmonia; se não estiverem, o tarot aconselha que se medite a respeito e, identificando os problemas e dificuldades, procure recuperar o equilíbrio;

Finalmente, a carta do nível superior (nº3) representa a superfície desse vasto oceano que é a nossa mente, aquela tênue linha onde o inconsciente e o consciente se encontram. A importância dessa carta é que ela justifica e dá significado às 5 primeiras cartas relacionando-as com fatos e eventos da vida de quem está consultando o tarot.


Neste exemplo temos a seguinte possível interpretação da capacidade intuitiva do Consulente (a pessoa que consulta o tarot):



Primeira Linha:
TEMPERANÇA (Arcano XIV): refere-se ao equilíbrio necessário nas relações interpessoais, na forma que organizamos nossa vida (trabalho x descanso); (na imagem este Arcano é chamado de Alquimista)
MORTE (Arcano XIII): costuma representar o fim de ciclos, o que é necessário terminar, aquilo que já não satisfaz e deve ser eliminado para que algo novo, mais positivo possa "nascer"; (na imagem acima este Arcano é chamado de Transfiguração)
CARRO (Arcano VII): simboliza a capacidade de administrar a própria vida a partir do aprendizado adquirido de experiências prévias;


Linha do Meio:
JUSTIÇA (Arcano VIII): nesta linha já podemos buscar interpretar as cartas e no caso desta, que ocupa a posição nº4, que neste esquema de jogo representa os aspectos negativos, pode-se interpretar como: agir de forma injusta, ser cruel, extremamente distante, frio e calculista, agir movido apenas pela razão, julgar os outros a partir do seu próprio ponto de vista.
DIABO (Arcano XV): ainda que esteja numa posição positiva, de acordo com a linha de interpretação proposta acima, esta carta sempre tem um "peso" negativo e acaba por influenciar as que lhe estão próximas. Portanto há um desequilíbrio  neste ponto que deve ser observado pelo Consulente. O DIABO representa vícios, nossas dependência (físicas, químicas, emocionais e espirituais), conflitos, brigas, desentendimentos, ignorância, preconceitos; (na imagem acima este Arcano é chamado de O Senhor Sombrio)



Linha Superior:
SACERDOTISA (Arcano II): não por acaso surge a SACERDOTISA, a própria representação da ligação entre os planos consciente e inconsciente, nesta posição. Esse Arcano sugere o estudo, o mergulho no conhecimento (científico, acadêmico, esotérico), o rasgar do tênue véu que separa o conhecimento ancestral, intuitivo, atávico que carregamos, e aquele que adquirimos na realidade do nosso cotidiano.

Possível Leitura: (sim, porque a leitura do tarot depende de "n" fatores e, em especial, da troca de informações entre o tarólogo e o consulente)
O Consulente deveria dedicar algum tempo na análise de como tem conduzido suas relações interpessoais, sejam na família, no trabalho ou no lazer. Observar se está sendo o suficientemente paciente, atencioso, pacificador, altruísta e compassivo com os seus semelhantes. Conter ímpetos de raiva, de sarcasmo e ironia; atentar para possíveis dependências (medicamentosas ou não) que possam estar estimulando uma série de estados de ânimo que podem influenciar no seu comportamento social e em particular.


Redução Teosófica: (soma dos valores numéricos de todas as cartas até que sejam reduzidas a um número entre 1 e 21, ou seja, o número das cartas dos Arcanos Maiores do Tarot)

14 + 13 + 7 + 8 + 15 + 2 = 59    5 + 9 = 14

 O nº14 compete ao Arcano TEMPERANÇA, que também está presente na Linha Inferior desta tiragem. A TEMPERANÇA sugere que se haja com paciência, buscando integrar todos os aspectos da vida em uma única e fluída harmonia. Ela representa os processos dos líquidos no nosso organismo (corrente sanguínea, sistema urinário, hormônios, etc), bem como as dependências, os vícios, sejam eles de bebida ou outras drogas lícitas e ilícitas, bem como os medicamentosos (soníferos, por exemplo). A TEMPERANÇA, na vida social, é a representante da diplomacia que deve sempre existir nos relacionamentos, em todas as áreas do convívio humano, pois ela representa a aceitação entre as diferenças, o pacífico convívio entre todos.
Portanto, com a SACERDOTISA ocupando o ápice desta pirâmide e a TEMPERANÇA na Redução Teosófica, o Consulente poderá refletir sobre o que é necessário reequilibrar dentro de si para que seus relacionamentos (em todos os níveis) possam ser mais efetivos e recompensadores.

Observação: as leituras oraculares, inclusive o tarot, em hipótese alguma substituem as consultas, diagnósticos e recomendações realizadas por profissionais devidamente credenciados da área da saúde e demais áreas do conhecimento científico e/ou acadêmico. As leituras e interpretações oraculares, inclusive as que se utilizam do tarot, servem como um suporte à meditação e reflexão.


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Arcano XV: o lado oculto do ser


Acredito que a grande maioria das pessoas já tenham visto, em algum momento das suas vidas, o símbolo do Yang Yin, aquele círculo formado por duas "gotas", uma branca, a outra preta, cada uma trazendo em seu centro uma pequena porção da cor oposta.

Creio, também, que a maioria saiba que Yang e Yin são nomes para duas energias opostas tipo Bem & Mal, Bom & Ruim, Luz & Escuridão, Verdade & Ilusão, Forte & Frágil, etc. E é para refletir sobre opostos complementares que o Arcano XV, o DIABO, nos convida.

O DIABO é, em termos muito simples, aquele aspecto de nós mesmos que procuramos negar. É o que repudiamos em nós e nos outros. O que nos lembra que somos sujeitos a erros, a defeitos, a características desprezíveis. Alguns psicólogos chamam a isso de "sombra", a parte menos espiritualmente evoluída, menos iluminada, menos elevada da nossa personalidade.
Enquanto Deus, o Criador, representa o caminho a ser seguido, o Arcano XV é a imagem de tudo o que deveríamos evitar. Se Deus é a Verdade, e a Verdade sempre nos libertará, o DIABO é a mentira, a ilusão, tudo aquilo que nos mantém aprisionados.

Para o leitor de tarot, essa carta pode ser interpretada, como todas as demais, de "n" maneiras dentro de um jogo, mas é quase sempre reveladora de conflitos, de desacordos, de estados de espírito exaltados, de discussões acaloradas, de traições, enganos, materialismo exacerbado. O DIABO é conjunto dos 7 Pecados Capitais, dos desvios mais grotescos de comportamento social, dos abusos físicos e morais, de toda e qualquer forma de dependência, submissão ou opressão. É a falta de moral, de ética, de compaixão, de caridade. É o egoísmo personificado e toda forma de compulsão, de intolerância e preconceito. Seu habitat são as trevas da nossa própria ignorância.

Mas, voltando ao início desta postagem, à figura do YangYin, podemos perguntar: onde, então, nesse temeroso arquétipo, encontra-se aquela partícula do seu oposto, do seu contrário, do antagônico?

Fácil: na ambição controlada, aquela que nos faz abdicar de horas de diversão para estudarmos, nos especializarmos e podermos ganhar a nossa vida. Existe no sexo praticado de forma apaixonada, tranquila, satisfatória e na concordância entre os parceiros, e que faz com que a nossa espécie continue a existir. Está presente no prazer da chamada "boa mesa", do prazer na degustação de um bom vinho por exemplo, longe do vício do alcoolismo ou de comer abusivamente. Encontramos essa partícula quando estamos nos divertindo, cantando e dançando, conscientemente entregues aos prazeres dos sentidos, porém longe de transformar tudo num bacanal, num pandemônio. Aliás, Bacco e Pan foram as divindades pagãs que serviram de inspiração para a imagem do DIABO. A partícula do Bem está inclusa nessa energia considerada negativa quando nos preocupamos com nossa aparência, com nossa saúde, quando buscamos refinar nossa imagem pessoal, sem incorrermos nos exageros da mera e inútil Vaidade, essa sim, um sintoma da presença da energia do Arcano XV. Quando permitimos que nos conheçam, que saibam dos nossos talentos e habilidades, da nossa cultura, experiência e sabedoria sem nos tornarmos Arrogantes, sem termos a intenção e nem nos permitirmos humilhar nosso semelhante. Quando sabemos conduzir um debate, uma disputa, uma competição, uma concorrência, um confronto de ideias e conceitos sem nos tornarmos Irados, e saber reconhecer e apreciar as qualidades dos outros, sua capacidade, seu poder e suas posses, seus bens materiais sem nunca vivermos a sensação da Inveja. Quando economizamos para adquirir algo que nos é necessário sem nos tornarmos Avaros, resistindo à Tentação de gastarmos de forma tola, imprudente, incorrendo em dívidas e problemas decorrentes. E também encontramos essa preciosa partícula quando temos atitudes positivas, ativas, de contribuição, colaborativas, não deixamos sucumbir pela Preguiça, pela má vontade, pela falta de iniciativa.

A energia "boa" representada pela carta do DIABO é aquela que nos tira da apatia e nos impulsiona a querer fazer algo por nós e pelos demais, que nos leva a querer conquistar novos patamares, a superar nossas presumidas limitações, a viver apaixonadamente. Quando mal utilizada, nos escraviza a um verdadeiro redemoinho de mentiras, de ilusões, de atitudes equivocadas, falsas, de maus hábitos, de comportamentos execráveis, autodestrutivos, de padecimentos físicos, emocionais e morais.

E, atenção! Ao contrário do aspecto que as diversas formas de expressão artística o representam, essa figura é altamente atraente e sedutora, senão, francamente, que lhe daria atenção? Quem não fugiria das suas garras traiçoeiras se soubesse claramente, e não quisesse se deixar iludir, em que tipo de inferno estava prestes a adentrar?

Mas o que é importante entender, dentro do estudo do tarot, é que todos os Arcanos são bipolares, possuindo aspectos positivos, elogiáveis, virtuosos, e um outro lado, uma porção menos positiva, menos simpática, desejável ou agradável. Isso faz parte do próprio equilíbrio das qualidades que eles possam representar, pois afinal só sabemos o que é errado porque conhecemos, ou sabemos identificar, o que é certo. Entendemos a dor porque conhecemos a sensação de completo bem estar. O riso é o oposto complementar do choro, assim como a alegria o é da tristeza. Como disse o poeta: "Quem passou pela vida em brancas nuvens, e em plácido repouso adormeceu. Quem não sentiu o frio da desgraça, quem passou pela vida e não sofreu, não foi homem. Foi espectro de homem. Só passou pela vida, não viveu!" (Francisco Octaviano). A vida é um aprendizado no malabarismo em equilibrar forças, sentimentos, sensações opostas, buscando sempre o equilíbrio, a estabilidade.

Portanto, quando essa carta aparecer num jogo oracular, ela pode, dependendo da sua posição e das cartas próximas, estar chamando sua atenção para algum tipo de desequilíbrio, algum tipo de excesso, para tomar cuidado com algo ou, então (sempre dependendo das cartas associadas), ser ousado, destemido, impetuoso, enérgico e seguir em frente.
Pode, inclusive, estar avisando sobre coisas bem mais práticas e corriqueiras como tomar cuidado com a possibilidade de queimaduras (use filtro solar, cuidado com as panelas no fogo, não provoque incêndios com seu cigarro) e, até mesmo, de que a temperatura está subindo, fazendo com que reclamemos do calor "infernal" deste verão.