Mostrando postagens com marcador pecado. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador pecado. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 27 de maio de 2014

6 DE ESPADAS: Travessia


Quantas vezes na vida prometemos a nós mesmos que nunca mais faremos isso ou aquilo, que não somos mais a mesma pessoa de antigamente, que superamos todos os problemas que nos faziam sofrer, que mudamos radicalmente nossa maneira de pensar tendo deixado para trás uma série de atitudes, preconceitos, crenças ou ilusões e que, daqui para frente tudo vai ser diferente? 
E quantas vezes essa promessa se cumpriu, realmente?

A foto acima, com esse carro dourado sobre o qual a escultura de um enorme Cristo crucificado está firmemente amarrada, é tão surreal quanto inspiradora, e não deixa de se assemelhar em conteúdo simbólico, associativo e imagético àquela que estampa o 6 DE ESPADAS.

 No Tarot, a carta mais positiva do naipe de Espadas, além do Ás, é a de número 6. Costumeiramente interpretada como sinal de uma mudança positiva, um abandonar de problemas e dificuldades existentes a nível mental, e a transição para uma nova forma de pensar a vida. É, enfim, um alento e um sopro de alguma esperança num naipe cujas cartas quase sempre prenunciam situações de conflito.

Muitas vezes na vida nós mudamos. Seja de casa, de trabalho, de relacionamento, de país, de religião, de interesses, de grupos de amigos, na vã esperança de, assim procedendo, estarmos nos transformando e modificando situações que nos incomodam. Freqüentemente somos tentados a nos iludir querendo acreditar que as transformações, que sabemos necessárias, ocorrem de fora para dentro. Fica mais fácil assim, não é mesmo? Como se fosse possível erradicar o passado por completo e recomeçar do zero, sem que nenhum traço do que fomos sobrasse para nos lembrar de algo, sem que isso fosse um longo trabalho de reformulação interior. 

O que deixamos para trás sempre é muito significativo e faz parte do nosso processo evolutivo. É a origem do momento presente. São indissolúveis: um é causa, o outro, consequência. Portanto, levamos conosco, onde quer que estivermos, o peso das nossas ações passadas. 

O problema acontece quando alguns não conseguem ver nos erros e desenganos as bases que nos fizeram optar por ações, atitudes e reflexões mais satisfatórias e harmoniosas. São pessoas que não conseguem perdoar a si mesmas e continuam construindo e erguendo, onde quer que estejam, uma cruz onde possam se auto punir, autosacrificar-se. Essas criaturas fazem grandes alterações em suas vidas, mas não alteram seus padrões mentais, o que as impede de evoluírem, não permitindo extraírem uma experiência positiva de qualquer desacerto, de qualquer erro cometido. 

Outras, entretanto, também carregam consigo onde quer que vão as experiências passadas, para delas se utilizarem como um referencial de seu próprio crescimento, em termos de conhecimento, ética, moral. A "cruz" não mais pesa sobre os ombros, dificultando e amargurando a caminhada, mas segue junto ao resto da bagagem, em meio a tudo aquilo que constitui sua história de vida. São as que sabem superar os obstáculos no caminho de um crescimento ético, moral, espiritual.

Então vemos a foto desse carro dourado, representando os nossos mais nobres pensamentos, a transportar sobre seu teto todas as dores e pecados do mundo, porém já redimidos.

Então a viagem torna-se realmente transformadora, pois não deixa para trás nada do que é ou foi importante pois podemos, a qualquer momento, nos utilizarmos dessas boas e más experiências e lições em caso de novas "turbulências" pelo caminho. Funciona como o estepe, o "macaco", a chave de roda e as demais ferramentas em ordem e em boas condições, além da caixa de primeiros socorros à mão. Estamos, então, prontos para fazermos continuarmos nossa viagem pela vida com maior segurança, conhecimento e habilidade.
Resta aproveitar a paisagem e confiar no sucesso da travessia.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Arcano XV: o lado oculto do ser


Acredito que a grande maioria das pessoas já tenham visto, em algum momento das suas vidas, o símbolo do Yang Yin, aquele círculo formado por duas "gotas", uma branca, a outra preta, cada uma trazendo em seu centro uma pequena porção da cor oposta.

Creio, também, que a maioria saiba que Yang e Yin são nomes para duas energias opostas tipo Bem & Mal, Bom & Ruim, Luz & Escuridão, Verdade & Ilusão, Forte & Frágil, etc. E é para refletir sobre opostos complementares que o Arcano XV, o DIABO, nos convida.

O DIABO é, em termos muito simples, aquele aspecto de nós mesmos que procuramos negar. É o que repudiamos em nós e nos outros. O que nos lembra que somos sujeitos a erros, a defeitos, a características desprezíveis. Alguns psicólogos chamam a isso de "sombra", a parte menos espiritualmente evoluída, menos iluminada, menos elevada da nossa personalidade.
Enquanto Deus, o Criador, representa o caminho a ser seguido, o Arcano XV é a imagem de tudo o que deveríamos evitar. Se Deus é a Verdade, e a Verdade sempre nos libertará, o DIABO é a mentira, a ilusão, tudo aquilo que nos mantém aprisionados.

Para o leitor de tarot, essa carta pode ser interpretada, como todas as demais, de "n" maneiras dentro de um jogo, mas é quase sempre reveladora de conflitos, de desacordos, de estados de espírito exaltados, de discussões acaloradas, de traições, enganos, materialismo exacerbado. O DIABO é conjunto dos 7 Pecados Capitais, dos desvios mais grotescos de comportamento social, dos abusos físicos e morais, de toda e qualquer forma de dependência, submissão ou opressão. É a falta de moral, de ética, de compaixão, de caridade. É o egoísmo personificado e toda forma de compulsão, de intolerância e preconceito. Seu habitat são as trevas da nossa própria ignorância.

Mas, voltando ao início desta postagem, à figura do YangYin, podemos perguntar: onde, então, nesse temeroso arquétipo, encontra-se aquela partícula do seu oposto, do seu contrário, do antagônico?

Fácil: na ambição controlada, aquela que nos faz abdicar de horas de diversão para estudarmos, nos especializarmos e podermos ganhar a nossa vida. Existe no sexo praticado de forma apaixonada, tranquila, satisfatória e na concordância entre os parceiros, e que faz com que a nossa espécie continue a existir. Está presente no prazer da chamada "boa mesa", do prazer na degustação de um bom vinho por exemplo, longe do vício do alcoolismo ou de comer abusivamente. Encontramos essa partícula quando estamos nos divertindo, cantando e dançando, conscientemente entregues aos prazeres dos sentidos, porém longe de transformar tudo num bacanal, num pandemônio. Aliás, Bacco e Pan foram as divindades pagãs que serviram de inspiração para a imagem do DIABO. A partícula do Bem está inclusa nessa energia considerada negativa quando nos preocupamos com nossa aparência, com nossa saúde, quando buscamos refinar nossa imagem pessoal, sem incorrermos nos exageros da mera e inútil Vaidade, essa sim, um sintoma da presença da energia do Arcano XV. Quando permitimos que nos conheçam, que saibam dos nossos talentos e habilidades, da nossa cultura, experiência e sabedoria sem nos tornarmos Arrogantes, sem termos a intenção e nem nos permitirmos humilhar nosso semelhante. Quando sabemos conduzir um debate, uma disputa, uma competição, uma concorrência, um confronto de ideias e conceitos sem nos tornarmos Irados, e saber reconhecer e apreciar as qualidades dos outros, sua capacidade, seu poder e suas posses, seus bens materiais sem nunca vivermos a sensação da Inveja. Quando economizamos para adquirir algo que nos é necessário sem nos tornarmos Avaros, resistindo à Tentação de gastarmos de forma tola, imprudente, incorrendo em dívidas e problemas decorrentes. E também encontramos essa preciosa partícula quando temos atitudes positivas, ativas, de contribuição, colaborativas, não deixamos sucumbir pela Preguiça, pela má vontade, pela falta de iniciativa.

A energia "boa" representada pela carta do DIABO é aquela que nos tira da apatia e nos impulsiona a querer fazer algo por nós e pelos demais, que nos leva a querer conquistar novos patamares, a superar nossas presumidas limitações, a viver apaixonadamente. Quando mal utilizada, nos escraviza a um verdadeiro redemoinho de mentiras, de ilusões, de atitudes equivocadas, falsas, de maus hábitos, de comportamentos execráveis, autodestrutivos, de padecimentos físicos, emocionais e morais.

E, atenção! Ao contrário do aspecto que as diversas formas de expressão artística o representam, essa figura é altamente atraente e sedutora, senão, francamente, que lhe daria atenção? Quem não fugiria das suas garras traiçoeiras se soubesse claramente, e não quisesse se deixar iludir, em que tipo de inferno estava prestes a adentrar?

Mas o que é importante entender, dentro do estudo do tarot, é que todos os Arcanos são bipolares, possuindo aspectos positivos, elogiáveis, virtuosos, e um outro lado, uma porção menos positiva, menos simpática, desejável ou agradável. Isso faz parte do próprio equilíbrio das qualidades que eles possam representar, pois afinal só sabemos o que é errado porque conhecemos, ou sabemos identificar, o que é certo. Entendemos a dor porque conhecemos a sensação de completo bem estar. O riso é o oposto complementar do choro, assim como a alegria o é da tristeza. Como disse o poeta: "Quem passou pela vida em brancas nuvens, e em plácido repouso adormeceu. Quem não sentiu o frio da desgraça, quem passou pela vida e não sofreu, não foi homem. Foi espectro de homem. Só passou pela vida, não viveu!" (Francisco Octaviano). A vida é um aprendizado no malabarismo em equilibrar forças, sentimentos, sensações opostas, buscando sempre o equilíbrio, a estabilidade.

Portanto, quando essa carta aparecer num jogo oracular, ela pode, dependendo da sua posição e das cartas próximas, estar chamando sua atenção para algum tipo de desequilíbrio, algum tipo de excesso, para tomar cuidado com algo ou, então (sempre dependendo das cartas associadas), ser ousado, destemido, impetuoso, enérgico e seguir em frente.
Pode, inclusive, estar avisando sobre coisas bem mais práticas e corriqueiras como tomar cuidado com a possibilidade de queimaduras (use filtro solar, cuidado com as panelas no fogo, não provoque incêndios com seu cigarro) e, até mesmo, de que a temperatura está subindo, fazendo com que reclamemos do calor "infernal" deste verão.