Mostrando postagens com marcador paixão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador paixão. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 13 de maio de 2014

10 DE PAUS: Opressão consentida


Tem gente que se testa o tempo todo. Vai acrescentando, uma a uma, mais obrigações às muitas outras que acumula, só para se provar poderosa. É o Complexo de Super-Homem, de quem acredita que tudo pode, como se houvesse uma necessidade intima de provar-se competente, imbatível, indispensável, de ser a única e confiável solução para os problemas de todos os demais.

Costuma justificar-se dizendo que não tem paciência para esperar que os demais cumpram suas respectivas partes, portanto assume toda a responsabilidade sobre o que há para ser feito. Nada o impedirá de perseguir até o fim seus objetivos, nem mesmo o fato de cumpri-los, muitas vezes, de maneira maniqueísta, sem buscar o prazer na execução, mas satisfazendo-se em cumprir o "dever" auto atribuído.



Nesta centenária imagem do 10 DE PAUS um homem semi-curvado atravessa o campo, dirigindo-se à umas edificações, carregando um enorme feixe de galhos. A alusão ao peso e ao desconforto dos pedaços de madeira que lhe impedem a visão do caminho, além da forma desajeitada que os galhos estão arrumados em seus braços, sugerem que, muito provavelmente, teria sido mais sábio ter carregado feixes menores e feito mais viagens, ao invés de sobrecarregar-se tentando fazer tudo de uma só vez.

Esse mesmo espírito é semelhante ao que vemos na foto ao alto, onde o homem está praticamente impedido de dirigir seu carro, soterrado por uma impossível quantidade de caixas. Ele também  demonstra não estar usando o melhor de suas habilidades, nem obtendo algum tipo de satisfação na execução de tão absurda tarefa. Na verdade o seu olhar é de uma pessoa oprimida, sem liberdade de manobrar sua condução. Falta-lhe criatividade e flexibilidade, visão do 
conjunto e consciência da importância das partes.

Do fogo criativo e regenerador do naipe de Paus, só restou a demonstração de força, o cabo-de-guerra que o condutor trava consigo mesmo. "Vou provar que eu sou mais forte do que eles supõem", seu olhar transparece, enquanto que ele se afoga sob o peso dos desafios autoimpostos.

Tolice.

Não é a quantidade de projetos, de ideias, de possibilidades, que definirão a capacidade de alguém, mas a qualidade do resultado e o prazer descoberto e vivido a cada etapa de concretização de cada um dos seus desejos. Fogo é pura paixão incontida, é desejo não domado, é a força vital fluindo e trazendo realização. É liberdade, claridade, luz e calor. Não deveria ser oprimido, aprisionado, limitado, contido.

Os desejos são muitos, as vontades também; o leque de interesses é amplo e as possibilidades, inúmeras. Por que, então, não vive-las uma a uma, experimentando o prazer único que cada uma proporciona em sua realização? Por que, ao invés de buscar alegremente o calor produzido pela fogueira que ilumina a noite escura, importar-se e ocupar-se apenas da tarefa de carregar a madeira?

sexta-feira, 21 de março de 2014

OS AMANTES: o Arcano VI e a questão das opções




A ideia arquetípica do Amor, daquele amor que encontramos nos folhetins, nas novelas mais bregas, nos cartões do Dia dos Namorados, aquele amor com Cupido pairando numa nuvem pronto para disparar suas setas e inflamar corações apaixonados. Essas imagens todas também fazem parte dessa carta que, entre tantas e tantas possibilidades, nos fala das escolhas que fazemos.

Escolher o/a parceiro/a ideal é tarefa árdua. Envolve, além de todo o mais, compartilhar com um outro alguém a vida com tudo o que ela tem a oferecer de positivo ou não. É um chegar à conclusão de que aquela pessoa é com quem queremos estar juntos na intimidade, momento em que normalmente baixamos guarda, nos despimos das nossas máscaras sociais, e nos revelamos por inteiro.

Por mais que nestes tempos que correm os compromissos entre casais de amantes possam abdicar de cerimônias e ritos religiosos, de documentação expedida em cartórios, de arautos a comunicar à sociedade a formação de mais um novo casal, apesar de tudo é uma escolha significativa e que, como todas as demais, implica em consequências, inclusive legais. Portanto, escolher a pessoa com quem queremos compartir nossa vida, é um ato que ultrapassa o simplesmente emocional e envolve, também, algumas reflexões, algumas considerações.

Na carta do Arcano VI, OS AMANTES, normalmente vemos ilustrada a figura de um jovem entre 2 mulheres (uma mais velha que a outra) com Cupido (ou um Anjo) a observar a cena, pronto para disparar sua flecha. É um momento de decisão, de escolha. É quando temos que optar por abandonar a liberdade ou a solidão que o estar solteiro proporciona, com todos os seus benefícios e mazelas, e escolher uma nova direção, uma nova experiência, para nossa vida. 

Mas esses casamentos, essas uniões, não acontecem apenas no plano sentimental, da constituição de uma família, mas também no trabalho, nas sociedades que estabelecemos, nos grupos e partidos aos quais nos filiamos, nos compromissos que assumimos. Em todos esses poucos exemplos há escolhas, há momentos em que temos que optar por algo e isso significa abandonar outra possibilidade. É essa responsabilidade em ter que decidir sozinho/a entre o que realmente se deseja e o que é melhor para nós, entre o que é bom e o que é mau, entre o que é útil e o que é dispensável, entre as vantagens que possivelmente teremos e o abrir mão de outras tantas, é o que nos provoca angústia. Não temos mais quem tome essas decisões em nosso lugar. Não temos mais pais e mães decidindo a roupa que vamos usar, o clube que iremos frequentar, as festas às quais iremos, onde passaremos as férias, a escola em que estudaremos. Agora é por nossa conta.

Mas, e a grande maioria das ilustrações d’OS AMANTES não deixa dúvidas, há algo maior, acima da razão e da emoção do momento, a nos orientar nessa escolha. O símbolo disso é o Anjo, ou o Cupido, personagens, neste caso, que representam a presença da Espiritualidade, a intervenção de uma consciência mais elevada nesse nosso momento de decisão. Alguns chamam a isso de Anjo da Guarda, outros, de pura intuição. Não importa o nome que se dê, mas é reconfortante saber que não estamos absolutamente sós nesses momentos e que nossas escolhas também recebem o suporte de o quanto o nosso aspecto espiritual está em harmonia com o físico, o intelectual e o emocional.