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quinta-feira, 27 de março de 2014

O PENDURADO: quando a Vida nos exige sacrifícios


O jogo “da forca” é aquele em que, a cada letra errada para formar uma determinada palavra, o jogador vai acrescentando mais uma parte ao desenho que o representa. O que ele não pode deixar que aconteça é cometer tantos erros que façam com que seu avatar iconográfico fique completo. O pior é que essa figurinha enquanto vai sendo completada devido aos erros do jogador, vai sendo enforcada.A foto acima tem alguma coisa dessa brincadeira. O indivíduo vai criando marcas nas paredes, que talvez representem os dias em que está encarcerado ou, mesmo, os seus erros. Enquanto isso, vai-se formando, membro a membro, a figura a ser enforcada. E, note-se, o próprio homem já está com uma corda no pescoço...


Quase em todas as diversas representações artísticas do Arcano XII, o PENDURADO (que muitos, Enforcado), encontramos representada uma situação semelhante à da imagem acima. Tudo nele me lembra um tempo forçado de reclusão. Uma época em que nada progride. Paira no ar a ameaça de que a situação pode ainda piorar...

Sem dúvidas, ficar pendurado por uma perna deve ser, antes de mais nada, algo altamente doloroso. Uma tortura. Além do fato de que seria necessário um grande preparo físico, talvez o de um atleta olímpico, para a própria pessoa conseguir flexionar-se de livrar-se da amarra. Ainda assim corre o risco de cair de cabeça.
Tem-se que considerar também o fato de que, imobilizado, o sujeito não tem condições de fazer valer o seu direito de ir e vir, o seu livre arbítrio quanto às opções de onde estar. Como se isso já não fosse o suficiente, ficar numa situação inversa aos demais, contrária àquilo que chamamos de normalidade, expõe o indivíduo ao escárnio alheio. Torna-se motivo de chacota. Tem sua autoestima aviltada. O Ego reduz-se a uma sombra do que já foi.


Ninguém opta por esse tipo de situação de boa vontade ou porque assim o quer, a não ser, é claro, aqueles que vivem de fazerem-se de “pobres vítimas de um destino cruel, enjeitados por todos, frutos do desprezo de um deus cruel”. Normalmente, quando nos vemos nesse triste papel de PENDURADO, é porque não tínhamos ou não encontramos outra opção, está além das nossas forças, da nossa vontade. É um acontecimento que não temos controle, ao qual temos que nos resignar e vive-lo em sua extensão, esperando que, ao menos, sua duração seja breve e que possamos descobrir logo a "palavra oculta", a razão do porque estarmos envolvidos em tal episódio, e nos livrarmos da corda que vai, como no jogo da forca, se apertando em nossos pescoços. 


É comum nos perguntarmos, enquanto passamos por situações que nos limitam a ação, nos sufocam, nos obrigam a rever toda uma filosofia de vida, ou que nos forçam a esperar por resultados que parecem nunca acontecer, se realmente acreditamos numa recompensa qualquer para esse tipo de, digamos, tortura ou sacrifício. Grande parte das ilustrações desse Arcano acrescentam um halo de luz, numa referência quase explícita à divindade ou à iluminação interior, no pobre coitado que balança pendurado pelo pé. Isso para nos recordar que todo sacrifício nos redime, nos eleva espiritualmente, nos torna melhores e deles saímos mais sábios, experientes, preparados, com um outro olhar sobre tudo e todos.


Quando essa carta surge numa leitura de tarot, dependendo, é claro, da sua posição na jogada e das
outras cartas que a acompanham, que devemos nos preparar para um período de "pés e mãos atados". Aquelas épocas em que, por algum motivo, ficamos impossibilitados de tomar alguma ação concreta.

Alguns exemplos: uma doença que nos obriga a ficar acamados, a perda ou quebra de um equipamento indispensável ao nosso trabalho, o tempo que o banco demora para realizar a transferência tão aguardada, os dias e anos que dedicamos nos cuidados daquele ente querido adoentado, ficando-lhe todo o tempo à cabeceira ou à disposição.


Em todos esses exemplos à o caráter de resignação, de imobilidade, de auto sacrifício o que de mais significativo essa carta sugere. E o que fazer nessas situações, já que normalmente não temos total controle das mesmas? É aí que entra a reflexão proposta pelo PENDURADO que é a de que esses períodos em que a nossa vida parece estar em estado de suspensão são preparatórios para os que virão a seguir, quando então, de alguma maneira, seremos recompensados e talvez essa recompensa esteja muito mais ligada à nossa evolução no rumo do crescimento espiritual. 
Esperemos que assim o seja.

 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Dez de Paus


Às vezes somos acometidos por uma síndrome que eu chamo de "deixa que eu faço". Faz parte de um certo complexo de "mais competente que eu, ninguém". E esse é quase sempre o primeiro sintoma de um muito provável final não muito feliz.
Sobrecarregar-se de trabalho, de obrigações, de compromissos, no intuito de mostrar-se altamente capaz, ou onipresente, acaba sendo um distúrbio compensatório de uma série de insatisfações, inclusive consigo mesmo. Uma tentativa de provar-se maior, melhor, mais competente do que os demais. Um grito de socorro pedindo por admiração, reconhecimento, elogios e o aplausos.
Claro que há ocasiões que não buscamos essa sobrecarga de afazeres e que as mesmas nos são impostas por razões e situações as mais diversas. Ou é um colega de trabalho que adoece ou sai em férias, ou porque o motorista não pode vir e temos que levar e buscar as crianças na escola, fazer compras no supermercado, pagar contas e fazer saques e depósitos no banco etc, tudo num mesmo dia, além, é claro, das nossas obrigações normais, profissionais, ou então porque é período de festas natalinas e a loja em que trabalhamos está "bombando" com clientes, pedidos, vendas, reposição de mercadorias, horários ampliados, etc.
O 10 DE PAUS é a carta que simboliza, com muita frequência, a estafa que sentimos ao final de um ciclo em que tivemos que nos multiplicar em muitos para dar conta dos afazeres. Há, sim, a satisfação do dever cumprido, do trabalho realizado, mas acompanhada de um esgotamento físico e mental.
Existe sim, a possibilidade de estarmos satisfeitos com o resultado do nosso empenho redobrado na execução das tarefas, e nas recompensas em forma de compensações e elogios pela nossa capacidade, mas... a que preço?

Naturalmente há pessoas mais ativas, mais dinâmicas, mais determinadas que outras. E também pessoas que podem ser chamadas de "workaholics", cuja vida pessoal praticamente inexiste e que se realizam (ou acreditam se realizar) única e exclusivamente através do trabalho. Há também aqueles que consideram que o lazer e o descanso, os momentos dedicados a si mesmo, a relaxar, são desperdícios. Todas elas, em comum, conscientes ou não, podem acabar sofrendo de alguns distúrbios ocasionados pelo excesso de atividades e responsabilidades.
Ser eficiente, competente e responsável não significa abrir mão do conforto e bem estar, da tranquilidade e do tempo a ser dedicado ao chamado "ócio criativo". Nem é motivo para compensar frustrações de origens diversas, punindo-se com algum tipo de sacrifício.
Portanto, quando o 10 DE PAUS surge numa tiragem de tarot, ele pode estar emitindo um sinal de alerta para que repensemos o quanto nos esgotamos e estamos esquecidos de encontrar prazer nas nossas obrigações, nos nossos afazeres. É hora de lembrar, com sincera modéstia, que ninguém é perfeito, nem insubstituível e que competência e qualidade não são exatamente sinônimos de excesso.