A Inveja, um dos 7 Pecados Capitais, poderia ser comparada a
um carro em “ponto morto”: quando o
câmbio não está engatado a nenhuma marcha. Quando, apesar de poder estar
funcionando, não sai do lugar.
A Inveja e a carta XII do tarot, o PENDURADO, se equiparam
nessa situação de inércia. Quando invejamos algo ou alguém, paramos de viver
nossa própria vida, e passamos a depender da do outro. É uma forma de
vampirismo, a inveja: coloca-nos na situação de mortos-vivos, necessitando da
energia vital dos outros para vivermos (mal). É um estado de suspensão, onde
nada acontece porque o foco do invejoso não está nele, nos seus projetos, suas
ações, sua personalidade, seus próprios desejos.
A Inveja é o aspecto “sombra”, negativo, do PENDURADO, pois
essa paralisação não acontece por acidente, por azar, por descuido, por
sacrifício, mas por uma profunda baixa autoestima do indivíduo em questão. Ele
não reconhece suas aptidões, qualidades e defeitos, ou seja, ele não se
reconhece e passa a usar o outro não como modelo, mas como mero objeto de auto punição. Ao passar a invejar, a cobiçar, a nutrir uma admiração obsessiva
pelo outro e por aquilo que o outro representa e possui, o indivíduo entra num
estado de estagnação que vai deteriorando sua alma, quando não o seu físico
também.
Resgatar a própria dignidade, reconhecer-se como um ser
humano único, com qualidades e defeitos próprios; compreender que o que não nos
pertence não nos acrescenta; que a vida alheia é isso mesmo, a vida do outro e
não a nossa; deixar de nutrir ilusões e canalizar os objetivos e desejos para
coisas possíveis de serem concretizadas, são algumas formas de desatarmos os
nós que criamos e que nos mantém pendurados, suspensos no vácuo de uma semi-existência,
de uma vidinha miserável, tão pequena que só vemos o outro e o que o outro tem,
sem sobrar nenhum espaço para nós mesmos.
E, convenhamos, não existe essa história de “invejinha”, “inveja
branca”, Inveja cor de rosa”. Existe, sim, Inveja, disfarçada, camuflada,
maquiada. E “invejinha” ou “invejona” esses são os mesmos sentimentos, portanto
nocivos a qualquer pessoa que deles se alimenta.
Nada melhor do que assumir a si mesmo, à própria vida, com
todos os problemas, dificuldades, frustrações, possibilidades, perspectivas,
esperanças e alegrias que ela proporciona e pensar que todo empecilho, todo
obstáculo deveriam sempre funcionar como um trampolim para um salto ainda mais
alto, para alcançar um novo patamar, para viver uma experiência mais plena,
para evoluir ainda mais na auto construção de um ser humano ainda melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário