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quarta-feira, 2 de abril de 2014

9 DE ESPADAS: Pânico


Poucas coisas podem ser piores do que as consequências causadas por fantasias mórbidas. Se há algo que desestabiliza por completo qualquer ser humano é a nossa própria imaginação quando, às vezes, resolve nos pregar peças. O corpo reage imediatamente com descargas seguidas de adrenalina que só fazem aumentar vertiginosamente a ansiedade, a sensação de perigo e morte eminentes. Um pavor irracional e absoluto toma conta do indivíduo, que se sente totalmente desprotegido, à mercê de algo que ele não compreende, não visualiza corretamente e que distorce a realidade. Tontura, sudorese, taquicardia, paralisia momentânea, necessidade de fugir sem saber exatamente do quê ou para onde são alguns dos sintomas mais comuns.

Quando a pessoa acometida desse mal consegue superar a vergonha de confessá-lo e procurar ajuda terapêutica adequada, o processo de cura é mais ou menos rápido, dependendo em quanto essa absoluta e injustificada sensação de insegurança está neuróticamente instalada e sedimentada no sujeito. Síndrome de Pânico costuma ser o nome popular dado a esse conjunto de sintomas motivados por uma alteração química, ou qualquer outro motivo que a ciência e os terapeutas profissionais, justifiquem o desencadear de medos, terrores, angústias totalmente injustificados.
A figura clássica da mulher sentada em sua cama, no meio da noite, com as mãos segurando a cabeça, e com 9 espadas pendendo sobre si, é uma boa ilustração para essa síndrome.

A idéia de isolamento e imobilidade para fugir, de viver às escuras, sem saber quando, onde ou porque será acometida novamente por um surto, tentado, com as mãos, impedir que o cérebro libere imagens aterrorizantes costuma ser bastante bem reproduzida pelos ilustradores das cartas dos diversos tarots existentes no mercado.

Leva algum tempo, e muita ajuda especializada (lembre-se sempre de procurar o parecer de um médico para toda e qualquer questão que envolva sua saúde física ou mental), para o indivíduo acometido por essa condição compreender que seus pensamentos, naqueles momentos de surto, não refletem a realidade e que é um episódio de breve duração, às vezes pouquíssimos minutos. Sabe também que respirar tranqüila e ritmicamente, evitar entrar em desespero tentando o que parece ser impossível, ou seja, relaxar, irá ajudar na brevidade da crise. Mas enquanto ela dura, ainda que sejam alguns intermináveis segundos, é uma experiência aterrorizante.

Mas no Tarot, quando temos escuridão na representação da carta devemos entender que além daqueles limites reina a luz. A luz que revela a verdade, que esclarece os fatos, que elucida os problemas, que elimina as assustadoras sombras e sons ouvidos à noite. O escuro da ignorância, do não saber o que fazer, do não entender o que está acontecendo limita-se exclusivamente àqueles breves momentos do surto, pois a luz existe, basta que a reencontremos.

É preciso aproveitar os momentos mais iluminados para buscar ajuda profissional adequada e, também, conscientizar-se de que nada de concreto, verdadeiro, premonitório ou espiritual existe naqueles terríveis momentos de crise. Que tudo não passa de mera fantasia mórbida e, como toda fantasia, tem data para acabar e não deve e nem pode competir com a verdade, a lógica e a razão.

Observando a imagem da carta do 9 DE ESPADAS que ilustra este comentário, encontramos nela claros sinais desse tipo de tormento mental. O medo incontrolável ao sentir, sem conseguir justificar, que algo de terrível está para acontecer. Que o planeta vai girar fora de sua órbita e estaremos vagando na infindável escuridão espacial, que a água do banho de chuveiro irá nos afogar, que acordaremos completamente desmemoriados sem saber quem somos, que o telefone irá tocar avisando que nossos filhos sofreram um terrível acidente, que sofreremos uma crise durante uma viagem de avião e que correremos até a porta, destravando-a e causando a queda do aparelho...

Soturnos delírios da imaginação. Pânico. A noite mais escura da alma.

O importante, ao receber essa carta numa tiragem de tarot, é saber que ela alerta para algo que não é real e que só existe na nossa imaginação, fruto de uma confusão mental que gera pensamentos sombrios. É preciso lembrar-se que, alternando com a noite virá a claridade e a energia do sol, apagando esses fantasmas, elucidando mistérios e favorecendo as verdadeiras razões do que se esconde entre as sombras.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O Louco, Arcano 0: divina loucura



O LOUCO, o Arcano Sem Número, é a carta do tarot que nos remete à figura estereotipada do inocente, do incauto, daquele que ainda não tem experiência suficiente e nem conceitos éticos e morais definidos. O LOUCO somos todos nós quando nos defrontamos com algo novo, algo que desconhecemos, sobre o qual não possuímos suficiente domínio para que nos sintamos seguros. É quando nos comportamos de forma estranha, aleatória, tentando aprender aqui e ali, brincando com a própria sorte, sem um objetivo claramente definido mas buscando entender o ambiente, as pessoas ou situação. Estamos LOUCOS, por exemplo, quando iniciamos um novo emprego, quando entramos num novo curso, quando nos mudamos para uma outra localidade, quando começamos um novo relacionamento, quando terminamos a faculdade e precisamos aprender na prática aquilo que só conhecemos teoricamente. LOUCOS são os cientistas, os filósofos, os descobridores, os artistas, os grandes educadores, todos aqueles que ousaram, e ousam, ir além do convencional, confiando em sua intuição e na proteção espiritual.

Esse Arcano é conhecido como descompromissado, irresponsável, desocupado, desorientado, não confiável, despreparado, mas lembrando sempre que essas qualidades negativas podem ser percebidas quando, numa leitura tarológica, sua carta surge numa posição menos privilegiada. A seu favor podemos dizer que existe muita energia, disposição, boa vontade, fé, alegria, ausência de malícia,  e abertura para o novo. Viver as energias representadas pelo LOUCO é olhar o mundo como uma criança o faz, sem preconceitos, sem censuras, mas com encantamento. É a descoberta do que significa viver, confiando unicamente nas experiências que vai tendo.
Capa/Parangolé: Arthur Bispo do Rosário

LOUCO é aquele que tem fé, que confia plenamente que algo o protege e guia seus passos. A própria Fé, uma das 3 virtudes teológicas, é muito bem representada na figura deste arquétipo que se entrega, sem questionamento, nas mãos do seu Criador pois ele sente que assim procedendo, nada lhe faltará. Em tempos mais antigos, aqueles que nasciam com alguma forma de comprometimento mental, ou aqueles que desenvolviam algumas características de insanidade eram, também, chamados de “Loucos de Deus”, pois acreditava-se que havia uma estranha, porém espiritual, conexão entre eles e o Divino.
LOUCO podemos considerar os “bobos da Corte”, únicos capazes de criticarem os próprios monarcas sem perderem a vida;  São Francisco de Assis, ao abdicar de todos os benefícios de uma vida de muito conforto e, inclusive, considerar como “irmãos” os animais e os astros; Sidharta, ao deixar o palácio real onde vivia com sua família, despindo-se de todos os símbolos de status e dedicando-se a encontrar a Verdade; também o comportamento de Jesus, fora dos padrões de sua época deixou marcas naqueles que registraram sua passagem terrena:
“A loucura de Deus é mais sábia que os homens e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens” (1Cor 1, 25). Rejeitado pela família, de modo que “nem mesmo os seus irmãos acreditavam nele” (Jo 7,5), e abandonado por grande parte dos seus seguidores “muitos dos seus discípulos se afastaram e não andavam mais com ele”, (Jo 6, 66). Para as autoridades judaicas da sua época Jesus era apenas um louco, um obcecado (Jo 8, 48). Somente um louco, um samaritano endemoniado, podia, com efeito, denunciar os chefes religiosos como filhos do diabo e assassinos (Jo 8, 48), e desejar o fim da instituição religiosa que se acreditava fosse desejada pelo próprio Deus.

Portanto, ao receber a carta do LOUCO numa leitura de tarot, use-a como um convite e guia à meditação. Aproveite para rever conceitos e “verdades” que muitas vezes aceitamos sem pensar; observe o quanto de entusiasmo, curiosidade, boa vontade e ação está investindo naquilo que lhe é importante; dedique algum tempo para avaliar como está sua Fé, sua confiança em si mesmo e nas forças organizadoras do Universo (sinta-se livre para substituir “forças organizadoras do Universo” pelo seu próprio conceito do Divino); avalie o quanto responsável você se sente pelas suas escolhas, atitudes e, naturalmente, consequências. E procure também ver-se como possuidor de um espírito eternamente jovem, sempre disposto a novos inícios, sempre pronto a se transformar, crescer e desenvolver-se em busca da própria Iluminação.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

2 de Espadas: Paradoxos


A Paz, como a Saúde, muitas vezes só é percebida e valorizada quando a perdemos, e a perdemos por não sermos autênticos ou fiéis às nossas verdades e princípios, desrespeitando a nós mesmos e aos outros sendo parciais no julgamento das situações em que estamos envolvidos ou que somos chamados a auxiliar. Por paradoxal que possa parecer, a Paz é conquistada (ou reconquistada) através de batalhas. Algo tão sonhado e ambicionado por todos, que representa o mais perfeito equilíbrio, a harmonia absoluta, a total empatia, acaba sendo experimentada e  obtida através de lutas, acordos, momentos de trégua, conflitos, indecisões, debates, reconhecimento de  bloqueios, estratégias.

Quando o 2 DE ESPADAS surge numa leitura de tarot, sempre, é claro, dependendo da sua posição no jogo e das cartas que o cercam, pode significar que estamos vivendo um momento de aparente equilíbrio, porém precário por ter sido obtido através da recusa em encararmos de frente, e com os olhos bem abertos, um problema, uma situação. Pode ser algo que nos incomoda mas que, por medo de perdermos nosso status, ou mesmo por comodismo, ou por querermos continuar a fingir para o mundo e para nós mesmos que está tudo bem, evitamos enfrentar e buscar uma solução. A carta acaba sendo um alerta de que, com nossa interferência direta ou não, esse conflito irá acontecer, mais cedo ou mais tarde e ficar colocando “panos quentes” só protela o que já está explodindo. É do tipo: "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". A alternativa, então, é reunir forças, equilibrar-se e enfrentar a situação da forma mais racional possível.

Estar em paz consigo mesmo é viver as suas verdades, de forma racional, emocional e intuitivamente equilibradas. É ter opiniões justas, pensadas, adotando-as e expressando-as, porém sempre com flexibilidade de análise para revê-las e repensa-las sempre que se fizer necessário e, também (muito importante!), saber respeitar as dos outros. É adaptar-se às circunstâncias do momento sem deixar de ser fiel a si próprio, não fazendo acordos, tratados e concessões que lhe roubem a dignidade, a autoconfiança, sua integridade e individualidade. Lembre-se que quando 2 mentes se unem num debate pacífico em torno de um problema ou situação, a verdade certamente irá aflorar e uma sábia solução poderá ser encontrada.

Às vezes o 2 DE ESPADAS nos faz compreender que fizemos acordos e tratos temporários, que bastam só por pouco tempo, no intuito de evitar o desencadear de um conflito. Entretanto uma solução que funcione a longo prazo, uma decisão mais durável poderá ser necessária e é sempre possível de ser encontrada. Conciliar nem sempre é a melhor solução sendo necessário que usemos do nosso raciocínio, nosso emocional e nossa intuição para a obtenção de resultados realistas, sólidos, eficazes e definitivos.

O 2 DE ESPADAS também é interpretado no ato de se fazer as pazes consigo mesmo. Reconciliar-se. Saber ser justo com sua própria pessoa, buscando e avaliando suas verdade interiores. Harmonizando-se e reequilibrando as relações com as pessoas e o ambiente que o cerca. Isso às vezes parece tão utópico, não é mesmo? Porém vale tentar. Lembre-se que a verdade pode, como uma espada, muitas vezes ferir, mas ela é libertadora, pois ela expõe à luz o problema, de forma nua e crua.

A melhor forma de vivenciar as energias deste arcano é levando os compromissos assumidos a sério, fazendo acordos que não sejam meros remendos, meros "tapa buracos", encarando os fatos com equilíbrio, imparcialidade, compreensão, mas sempre objetivamente.
Reavalie conflitos, esteja aberto ao diálogo, tenha clareza e flexibilidade mental, e faça as pazes com o mundo. Ele irá, certamente, lhe parecer um lugar mais adequado para se viver.