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sábado, 22 de março de 2014

O PAPA: o Arcano V e o Rei.







“O discurso do Rei” é um filme que conta a história do Rei George VI, da Inglaterra, pai da atual Rainha Elizabeth II, em sua ascensão inesperada ao trono e o fonoaudiólogo que ajudou ao inseguro monarca readquirir sua autoconfiança. 

George VI era o que chamamos de gago. " Disfonia" é a expressão correta para definir a gagueira e outras alterações ou disfunções da voz. Imaginem, agora, um Rei, soberano de um Império tão vasto e espalhado pelos quatro cantos do mundo, tendo que falar em público, sendo constantemente observado pelo povo e pela mídia, fazer discursos, falar ao rádio (que na época era o mais popular meio de comunicação) e não o conseguir devido às suas dificuldades oratórias. Difícil, não é mesmo?

O personagem que é o grande propulsor dos acontecimentos dessa narrativa cinematográfica chama-se Lionel Logue, um ator australiano morando na Londres da metade do século passado e que é, meio por acaso e também pelo fato de ser um professor de oratória, requisitado para tratar da disfunção do futuro Rei.

Lionel Logue é o protótipo do PAPA, o Arcano V das cartas do tarot. Seus métodos nada convencionais, sua personalidade ebuliente, confiante de seu conhecimento técnico e capacidade comprovados através dos resultados obtidos, fazem desse “professor de voz” o guia, o mestre, o terapeuta que o futuro Rei necessitava para poder superar suas maiores dificuldades.

Desde a situação inesperada, até mesmo de sorte, em que ele é encontrado e contratado, até o clímax do filme, o objetivo desse homem é levar o Rei a encontrar as raízes de suas dificuldades pessoais e compreender que sua gagueira é apenas uma maneira do corpo exteriorizar a forma tímida, incompleta, submissa e reticente de seu verdadeiro Eu. Uma reconciliação consigo mesmo e com os outros é a base do trabalho do terapeuta.

Lionel Logue é uma das muitas “embalagens” onde podemos reconhecer o Arcano V: autoridade, sabedoria, conhecimento e orientação, seja nos aspectos mais materiais da existência, ou na nossa conexão com o Divino, é o que o PAPA nos oferece. Nele encontramos o mentor, o professor, o guru, aquele que, ao nos ensinar ou orientar, ajuda-nos a nos reconectar com os aspectos mais espirituais ou sagrados da existência.

Observamos na maneira que o professor/terapeuta conduz seu “tratamento” ao induzir o monarca a lembrar-se, buscar nos seus primeiros anos de vida, no seu relacionamento com os pais e o irmão, os motivos que possam ter provocado sua dificuldade de fala, algo comum nos atuais consultórios dos psicanalistas. Associados a esse método, estão exercícios mecânicos de respiração, de fortalecimento muscular, relaxamento, etc. E podemos então ver aí muito claramente como, normalmente, esse Arcano se manifesta, quase sempre privilegiando a meditação, a reflexão, os aspectos éticos, morais ou filosóficos e, também, privilegiando os rituais.

Mais importante que a cura da gagueira era o Rei fazer as pazes com a tirania paterna, a frieza materna e a competitividade com seu irmão. Para tanto Lionel Logue age como um verdadeiro guia, oferecendo assistência, desconstruindo estruturas mentais rigidamente estabelecidas e levando o Rei a encontrar um verdadeiro sentido em sua vida. Com seus métodos não conformistas, ele abala no jovem monarca as estruturas que o controlam, que o enrijecessem e que o impedem de evoluir, a abraçar o seu verdadeiro destino.

Como todas as cartas do tarot, o PAPA (também chamado de Sumo Sacerdote, Alto Sacerdote, Hierofante) tem e pode apresentar-se através de seu aspecto “sombra”: moralista ao extremo, um verdadeiro intransigente aiatolá quando se trata de preceitos religiosos, completamente dominado por idéias e princípios ultrapassados, alguém que se norteia, e aos outros, através da insípida rigidez de dogmas nunca questionados.

Num aspecto mais subjetivo, o que faltava ao Rei George VI era encontrar-se com seus próprios fantasmas, encará-los, aceitá-los e, assim reconciliar-se com seu Guia Interior. Seu professor de locução é um veículo que lhe desvenda possibilidades de superar-se como homem e às quais, ele mesmo bastante titubeante e argumentativo, acaba por agarrar-se como à uma bóia em meio ao oceano.

Em resumo, seja na figura de um fonoaudiólogo, de um mestre de lutas marciais, de um personal trainer, de um guia espiritual, de um terapeuta, um especialista em qualquer área ou de um eminente e dedicado educador, a carta do PAPA numa tiragem de tarot é sempre uma sugestão para que o LOUCO (Arcano 0) busque uma orientação especializada, confiável e necessária para a situação que o incomoda. Uma das mensagens do Arcano V é a de que não devemos ser teimosos ( o que é diferente de persistentes) e confiarmos que o Universo nos guiará na direção mais adequada ao momento de vida em que nos encontramos.

Basta que tenhamos Fé.

FONTE: Este texto foi anteriormente publicado (com pequenas alterações) em HIEROPHANT MAGAZINE

quinta-feira, 6 de março de 2014

Rei de Copas: protetor, romântico e compassivo


Copas é o naipe do Elemento Água que, por sua vez, é uma substância amorfa, maleável, mutável, podendo perfeitamente bem representar nossos sentimentos, que não são nem rígidos nem sólidos, mas se apresentam em constante mutação.  Em instantes podemos passar por diversos estados emocionais, com nosso humor variando tão rápida quanto inesperadamente, que muitas vezes nem nos apercebemos dessas mudanças. Enquanto que a Água simboliza nossas emoções, o naipe de Copas enfatiza seus aspectos mais otimistas: amor, sonhos, desejos, esperanças, fantasias, sensibilidade, felicidade
Entretanto esse naipe não é privilegiado, ou seja, não retrata a felicidade apenas em seu estado mais puro, sem problemas, idealizado. Em seus aspectos mais negativos, temos no naipe de Copas as ilusões, as superstições, os rancores, os ressentimentos, a instabilidade, a fraqueza, a preguiça e a falsidade, entre outros mais.


O REI DE COPAS, como todos os demais Reis das cartas de Corte do tarot, representa a expressão máxima das características do seu naipe. Podemos reconhece-lo na figura do terapeuta, no conselheiro matrimonial, no sacerdote, no parapsicólogo, no shaman,no místico, nos artistas de todas as formas de expressão criativa, nos cientistas e nas diversas situações onde a sua capacidade em ser prestativo, paternal, amoroso, sábio, carismático, intuitivo, religioso, protetor, emocionalmente amadurecido, bom negociador, apoiador e promotor  das artes, possam ser de fundamental importância.
Quando o REI DE COPAS aparece numa leitura de tarot, dependendo da sua localização entre as demais cartas, normalmente representa alguém que é um bom pai, um bom provedor, mestre, conselheiro, orientador, confiável, generoso, respeitado, diplomático, protetor e bastante caseiro. Representa o bom samaritano. É, sobretudo, uma pessoa gentil, sensível, intuitivo, imaginativo, criativo, inteligente, romântico, emotivo, compassivo, amável, e temperamental.

Em seu aspecto mais negativo, afinal, todas os Arcanos tem um lado positivo e outro negativo, ou "sombra", o REI DE COPAS revela-se uma pessoa falsa, instável, influenciável, que desconhece limites, corrupta, sentimentalóide, piegas, invejosa, egoísta,  podendo ser alguém intimidador e bastante dominador.
Ao nos utilizarmos dessa carta para meditação, resgatamos nossas emoções mais fraternais, de amor incondicional, aquelas que sentimos pelo coletivo, pela humanidade em geral. Poderíamos, inclusive, dizer que a frase que muito bem se aplica ao simbolismo contido esta carta é a citada no Evangelho:
"Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado".

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O Louco, Arcano 0: divina loucura



O LOUCO, o Arcano Sem Número, é a carta do tarot que nos remete à figura estereotipada do inocente, do incauto, daquele que ainda não tem experiência suficiente e nem conceitos éticos e morais definidos. O LOUCO somos todos nós quando nos defrontamos com algo novo, algo que desconhecemos, sobre o qual não possuímos suficiente domínio para que nos sintamos seguros. É quando nos comportamos de forma estranha, aleatória, tentando aprender aqui e ali, brincando com a própria sorte, sem um objetivo claramente definido mas buscando entender o ambiente, as pessoas ou situação. Estamos LOUCOS, por exemplo, quando iniciamos um novo emprego, quando entramos num novo curso, quando nos mudamos para uma outra localidade, quando começamos um novo relacionamento, quando terminamos a faculdade e precisamos aprender na prática aquilo que só conhecemos teoricamente. LOUCOS são os cientistas, os filósofos, os descobridores, os artistas, os grandes educadores, todos aqueles que ousaram, e ousam, ir além do convencional, confiando em sua intuição e na proteção espiritual.

Esse Arcano é conhecido como descompromissado, irresponsável, desocupado, desorientado, não confiável, despreparado, mas lembrando sempre que essas qualidades negativas podem ser percebidas quando, numa leitura tarológica, sua carta surge numa posição menos privilegiada. A seu favor podemos dizer que existe muita energia, disposição, boa vontade, fé, alegria, ausência de malícia,  e abertura para o novo. Viver as energias representadas pelo LOUCO é olhar o mundo como uma criança o faz, sem preconceitos, sem censuras, mas com encantamento. É a descoberta do que significa viver, confiando unicamente nas experiências que vai tendo.
Capa/Parangolé: Arthur Bispo do Rosário

LOUCO é aquele que tem fé, que confia plenamente que algo o protege e guia seus passos. A própria Fé, uma das 3 virtudes teológicas, é muito bem representada na figura deste arquétipo que se entrega, sem questionamento, nas mãos do seu Criador pois ele sente que assim procedendo, nada lhe faltará. Em tempos mais antigos, aqueles que nasciam com alguma forma de comprometimento mental, ou aqueles que desenvolviam algumas características de insanidade eram, também, chamados de “Loucos de Deus”, pois acreditava-se que havia uma estranha, porém espiritual, conexão entre eles e o Divino.
LOUCO podemos considerar os “bobos da Corte”, únicos capazes de criticarem os próprios monarcas sem perderem a vida;  São Francisco de Assis, ao abdicar de todos os benefícios de uma vida de muito conforto e, inclusive, considerar como “irmãos” os animais e os astros; Sidharta, ao deixar o palácio real onde vivia com sua família, despindo-se de todos os símbolos de status e dedicando-se a encontrar a Verdade; também o comportamento de Jesus, fora dos padrões de sua época deixou marcas naqueles que registraram sua passagem terrena:
“A loucura de Deus é mais sábia que os homens e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens” (1Cor 1, 25). Rejeitado pela família, de modo que “nem mesmo os seus irmãos acreditavam nele” (Jo 7,5), e abandonado por grande parte dos seus seguidores “muitos dos seus discípulos se afastaram e não andavam mais com ele”, (Jo 6, 66). Para as autoridades judaicas da sua época Jesus era apenas um louco, um obcecado (Jo 8, 48). Somente um louco, um samaritano endemoniado, podia, com efeito, denunciar os chefes religiosos como filhos do diabo e assassinos (Jo 8, 48), e desejar o fim da instituição religiosa que se acreditava fosse desejada pelo próprio Deus.

Portanto, ao receber a carta do LOUCO numa leitura de tarot, use-a como um convite e guia à meditação. Aproveite para rever conceitos e “verdades” que muitas vezes aceitamos sem pensar; observe o quanto de entusiasmo, curiosidade, boa vontade e ação está investindo naquilo que lhe é importante; dedique algum tempo para avaliar como está sua Fé, sua confiança em si mesmo e nas forças organizadoras do Universo (sinta-se livre para substituir “forças organizadoras do Universo” pelo seu próprio conceito do Divino); avalie o quanto responsável você se sente pelas suas escolhas, atitudes e, naturalmente, consequências. E procure também ver-se como possuidor de um espírito eternamente jovem, sempre disposto a novos inícios, sempre pronto a se transformar, crescer e desenvolver-se em busca da própria Iluminação.