Existem algumas cartas no tarot que desafiam uma definição
simplista, algo do tipo “x representa
mudança de planos, y sugere renascimento, etc”. O Arcano Maior de número 2
é exatamente uma dessas exceções.
A SACERDOTISA, ou a ALTA SACERDOTISA, ou a PAPISA, é uma das
primeiras e mais significativas cartas da sequência de 22 do tarot. Os
arquétipos que representa, o do feminino sagrado, da deusa, da mulher em
conexão com o divino, da mãe-terra, da sábia, da feiticeira, do depositório dos
segredos, da guardiã dos mistérios, todos se combinam num só e tem sua
representação pictórica e simbólica na SACERDOTISA.
Sua figura quase sempre é mostrada como uma mulher envolta
em trajes que lhe escondem as formas pois, afinal, ela simboliza o feminino
não-corpóreo, a idéia do feminino-gerador, do feminino-mãe. A maioria dos
artistas a retratam silenciosamente sentada, com um livro aberto em seu colo,
reforçando a idéia que ela é possuidora de todo o conhecimento e que só
alcançamos a esse mesmo conhecimento quando a ela nos conectamos. Senta-se
entre duas colunas (as mesmas do Templo de Salomão: Boaz e Joachin) como que
ocultando o que há além delas. Para adentramos ao espaço sagrado do Templo,
para nos dirigirmos ao Santo dos Santos precisamos da sua permissão,
necessitamos estudar, aprender e conhecer os Mistérios do Sagrado. Precisamos
mergulhar no grande mar que é nosso racional e irmos ao fundo, às profundezas,
à morada do conhecimento ancestral, aquele que existe desde o início dos
tempos.
Quando sonhamos, quando vamos ao analista, ou mesmo quando
meditamos estamos fazendo esse mergulho, estamos entrando em contato com a
SACERDOTISA. Sua maneira de comunicar-se é através de sonhos, de flashes de memórias, de intuições, de
situações de dejà vu, de insights, de
idéias que nos acometem vindas aparentemente do nada. Algumas vezes
necessitamos de ajuda especializada para decifrarmos esses “recados” e temos em
Freud e Jung os grandes estudiosos dessa linguagem simbólica com a qual o nosso
subconsciente “dialoga” conosco.
Em nosso dia a dia reconhecemos pessoas com as
características da SACERDOTISA naquelas que são misteriosas, reservadas, moderadas,
discretas, responsáveis e sérias até mesmo consideradas antissociais. São as
sensíveis, eruditas, extremamente teóricas, nada práticas. Às vezes
melancólicas, tem dificuldade de comunicar-se, de expressarem seus sentimentos,
mas são muito sábias, espiritualizadas e bastante intuitivas. Arquetipicamente
representam a mãe, ou seja, a idéia que a maioria de nós faz do “papel” de mãe.
Quando, numa tiragem de tarot essa carta surge poderá estar
nos sugerindo usarmos da nossa intuição em nosso benefício; prestarmos atenção
aos nossos sonhos, buscando decifrá-los; ouvirmos nossa “voz interior”; nos
dedicarmos ao nosso desenvolvimento espiritual; guardarmos segredos que nos são
confiados; nos dedicarmos aos estudos e até mesmo sermos mais modestos, mais
discretos.
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