sexta-feira, 25 de abril de 2014

8 DE ESPADAS: as armadilhas da mente


 "Spider - Desafie sua Mente" é o nome de um filme de David Cronemberg e nele, um homem recém saído de uma instituição mental onde viveu desde a infância, pára, por conta própria de tomar a sua medicação e volta, assim, a reviver as lembranças de um terrível passado. A frase que define o enredo é a seguinte: “A pior coisa que pode haver além de perder a sua memória é voltar a encontrá-la.”

Nosso cérebro é onde processamos a realidade que vivemos, as sensações que temos, as emoções que experimentamos. Nossa mente trabalha continuamente colhendo, analisando, classificando informações de todos os tipos, vindas de todos os lugares, absorvidas pelos nossos sentidos. É um verdadeiro supercomputador e, como tal, também pode “travar”. Assim como alguns programas são “pesados” demais para determinadas máquinas, algumas estruturas mentais que criamos são muito difíceis de serem assimiladas ou vividas e acabam por se transformarem num vírus que se instala e dificulta a execução de todos os outros processos mentais.


Como qualquer outro vírus instalado num computador, esse também modifica a estrutura do nosso processador mental, alterando-lhe a capacidade de reconhecer a realidade, de exercer plenamente suas funções. Acabamos, vítimas de seus efeitos, tecendo, pensamento a pensamento, um véu que nos encobre, nublando nosso raciocínio lógico e a nossa capacidade de nos perceber e perceber, também o nosso ambiente, colorindo nossa existência com outros tons, muitas vezes mais sombrios.

Ficamos prisioneiros de uma ideia. Temos delírios de uma falsa realidade. Ficamos obcecados com uma única maneira de encarar os fatos; perdemos o controle nossos pensamentos, que acabam servindo unicamente aos nefandos propósitos desse “vírus”: nos atormentar, nos aprisionar em seus invisíveis e possantes fios. Ficamos, literalmente, imobilizados, com os “pés e mãos atados”, como dizemos popularmente. Além disso, um verdadeiro muro ergue-se rapidamente, impedindo que enxerguemos nada além que suas frias e soturnas paredes. Estamos ilhados, isolados, perdidos, presos dentro da pior das prisões que existe: nós mesmos.

Quando um 8 DE ESPADAS aparece numa leitura de tarot, sempre dependendo de sua localização no jogo e das outras cartas à sua volta, ele pode estar sugerindo que reavaliemos nossas verdades, nossos conceitos e preconceitos; pode estar sinalizando que nos tornamos dependentes da opinião alheia, inábeis de tomarmos nossas próprias decisões, preferindo ser conduzidos a nos conduzir. Pode, eventualmente, indicar um estado de doença que demanda repouso, quietude, isolamento. Em muitos casos, pode ser interpretado como arrogante teimosia, quando não queremos alterar nossa maneira de pensar ou agir, mesmo que ela não sejam racionalmente corretas. Pessoas que se deixam dominar pelo ciúme, ou se deixam fazer prisioneiras dos ciúmes de alguém, também são representadas pelo 8 de Espadas. A censura que infligimos ou sofremos, estão simbolizadas por essa carta.

Enfim, o 8 DE ESPADAS, numa leitura, é um sinal vermelho de que alguma coisa dentro de nós está querendo “travar”. É hora, então, de passar um “antivírus”, ou seja, refletir com calma, analisando cada aspecto isolado da situação e, depois, todo o conjunto de fatos. Ser claro e verdadeiro consigo mesmo. Não se autoiludir. Tirar a venda dos olhos e encarar a realidade à luz da razão. Como no arcano VIII, a JUSTIÇA, usar de frieza e lógicas absolutas para avaliar os fatos, sem cair na armadilha de ser tendencioso, esconder provas ou não querer ouvir testemunhas (opiniões de especialistas ou pessoas de confiança). Enfrentar os fatos pode ser muito doloroso, mas sempre será menos do que viver com medo, angustiado, escondendo-se do mundo ou de nós mesmos. 


Deveríamos sempre nos lembrar que o cérebro deveria ser utilizado para a solução de problemas e não a construção de dificuldades maiores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário