terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Arcano XVI: A TORRE: a realidade sem véus


 A TORRE é daquelas poucas cartas que quando saem numa tiragem, a gente tem vontade de embaralhar tudo novamente e tentar mais uma vez. Mas não é por aí e, aliás, ela simboliza e alerta para isso mesmo: o fato de não enfrentarmos as situações e nem querermos aceitar ou permitir que elas se apresentem e nos transformem.
O Arcano XVIII simboliza aqueles eventos absolutamente indesejados, inesperados, aquelas peças que o Destino nos prega de surpresa, fazendo uma verdadeira revolução em nossas vidas. Quando isso acontece sentimos como se tudo viesse abaixo, tudo se rompesse, quebrasse, obrigando-nos a cair do alto das nossas ambições, do nosso orgulho, da nossa vaidade, do nosso bem nutrido Ego, das nossas ilusões e fantasias. O que precisaríamos tem em mente, quando esses indesejáveis (mas necessários) eventos ocorrem em nossas vidas é que essa queda permite que coloquemos novamente os pés no chão, aterremos e comecemos do zero.
Situações anunciadas ou simbolizadas pela TORRE são muito comuns, tais como o fim de um casamento que há muito já havia estagnado, a perda do emprego ou de um cargo importante, a falência de um negócio, a sempre indesejada e evitada notícia de uma doença grave, um acidente com sérias consequências, etc. Enfim, tudo aquilo que a gente tem muito medo que aconteça ou, mesmo, nem tem conhecimento de que pode ou está para acontecer.
 
O que é necessário compreender é que muitas vezes a única maneira de evoluirmos é através de um acontecimento radical, normalmente externo, que nos obrigue a abandonar definitivamente velhos conceitos, estruturas de defesa, argumentos ultrapassados, o total comodismo, uma vida de pura fantasia, a falta de conexão com a realidade e... a Torre é a representação desse doloroso evento.
Existe dor nessa queda para a realidade? Nesse implodir de velhas construções interiores? Claro que sim. É o fim de ilusões e sonhos longamente alimentados. É o ter que assumir novas responsabilidades, novos pontos de vista, novos comportamentos: assumir o seu EU verdadeiro. O que não podemos perder de vista é que o nada no Universo conspira contra nós e que, mesmo dentro de uma situação caótica, confusa, assustadora, ele está nos oferecendo uma possibilidade de aprendizagem e, através dessa experiência, o nosso desenvolvimentos como seres físicos e espirituais.

Num aspecto mais prático, numa leitura mais cartomântica, quando a TORRE aparece numa jogada (e, não se esqueça, sempre dependendo do local onde ela se encontra e relacionada a quais outras cartas) ela também pode significar o seguinte: doença grave; aborto; queda física; dor de cabeça, problemas neurológicos, doenças mentais; fratura de ossos; problemas de coluna; mudança de casa; reforma em imóvel; fim de uma relação (namoro, casamento, sociedade, etc); acidente (carro, moto, avião); problemas com explosivos (fogos de artifício, explosões de gás); queda de raios, condições meteorológicas muito adversas; falência, concordata, cancelamento de crédito. Enfim, nesses poucos exemplos nós vemos que o que pode advir, a fim de que se provoque uma grande mudança, é qualquer coisa de indesejado ou inesperado, uma verdadeira e imprevista catástrofe, algo que faríamos o possível para evitar.


Mas tenha sempre em mente que todas as experiências, quando vividas (ainda que dolorosa, mas conscientemente) só trazem benefícios, fazendo com que nos reajustemos às situações. Para que possamos tirar proveito da experiência e para evitar futuros e similares dissabores, é necessário que estejamos sempre cientes que não podemos viver de ilusões, mas com Fé e Esperança.
Que não devemos mentir aos outros e, sobretudo, a nós mesmos, e aceitar o que e quem somos e trabalhar naquilo que é preciso melhorar em nossas personalidades.
Ao tomarmos contato com a realidade, e voltando a reequilibrar nossas emoções, com a razão e a espiritualidade, fará com que novas e melhores oportunidades se apresentem à nossa frente.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Querer é poder: O Mago


Habilidades todos temos. Talentos, também. Mas às vezes, por circunstâncias as mais diversas, temos uma grande dificuldade em "descobri-los" ou mesmo acreditar que os temos, que são características nossas e que podemos desenvolvê-los, se quisermos.
Viver bem, plenamente, é um ato de, se me permitem, malabarismo. Temos que saber dosar e equilibrar desejos, ambições, angústias, dores, vontades, medos, interesses, etc. Há, também, os limites físicos, aqueles mais visíveis a olho nu, com os quais temos que aprender a conviver ou então encontrar soluções para modificá-los. Tornar-se economicamente estável, ter um corpo bonito e saudável, morar bem, tudo isso demanda muito foco, trabalho e sacrifícios vários. Estudar, aprender, adquirir conhecimentos, evoluir na carreira ou numa área específica também é um processo lento, gradual, que demanda investimentos de toda ordem. A tão ansiada e proclamada evolução espiritual, então, consiste no trilhar de um caminho escolhido e nele perseverar, apesar das inúmeras e constantes tentações, das seríssimas crises de desânimo e descrença.
Estar vivo é estar exposto a condições nem sempre totalmente controláveis mas que podem ter seus piores efeitos amenizados a partir do momento em que vamos tomando consciência das nossas aptidões.

O MAGO é o símbolo da individualidade, da força criativa, da inteligência, da vontade, do desejo de dominar que todos possuímos. A própria postura do MAGO na ilustração das mais conhecidas cartas de tarot apela para esse fato estabelecendo a seguinte comparação: "Assim como Deus nos céus, o homem na terra". Seu braço erguido apontando para o alto enquanto o outro aponta para o chão é a imagem desse axioma. O ser humano é o ponto de união entre o Criador e o mundo natural, ou seja, aquilo que Ele criou.
Sobre a mesa, em frente ao MAGO, repousam símbolos do seu domínio: copo, punhal, moeda, , ou seja, os elementos Água (naipe de Copas = emoções), Ar (naipe de Espadas = razão), Terra (naipe de Ouros = matéria). Em sua mão, estendida para o infinito, uma varinha (mágica?), representando o Fogo (naipe de Paus = espírito). É no domínio desses 4 elementos que o MAGO produz suas "mágicas", ou seja, tudo aquilo que ele precisa saber e fazer para viver integralmente.
É a primeira carta numerada (nº 1) do tarot porque ele simboliza o Criador ( Aquele que vem antes de tudo) que existe em cada um de nós. Se Deus nos criou à sua imagem e semelhança, de acordo com o Gênesis, então podemos dizer que somos "miniaturas" dEle, seus legítimos representantes neste planeta.

Quando essa carta surge num jogo taromântico, entre as inúmeras possibilidades interpretativas podemos também dizer que necessitamos usar nossos recursos próprios, nativos, interiores para lidar com as situações no momento presente. É necessário que façamos uso das nossas habilidades naturais e as demais, desenvolvidas, para conduzirmos a situação, resolvermos o problema, conseguirmos os resultados que desejamos. Somos "mágicos", capazes de produzir efeitos surpreendentes no mundo exterior com a nossa capacidade, com nossas habilidades, com nossa voluntariosidade.

A carta do MAGO, quando numa posição positiva dentro da jogada oracular, ou mesmo como objeto de meditação, é a lembrança de que tudo aquilo que realmente almejamos, podemos conseguir. Tudo o que nos propomos a fazer, investindo nisso nossas melhores intenções, nossas habilidades, conhecimento e ação, pode ser conseguido. Ação é uma das palavras que definem esse Arcano. De nada adianta querermos algo se não nos movimentarmos objetivamente em direção à meta pretendida.

Se eu quiser fazer um bom curso, tenho de ter disciplina, estudar, pesquisar, obter conhecimentos de diversas fonte, submeter-me a horas de estudos e a provas de capacitação. Se eu quiser ser um bom motorista, além das aulas teóricas, do aprendizado de leis, normas e símbolos gráficos referentes ao trânsito e tráfego de veículos, tenho que praticar muito, dentro de um carro, na vida real. Se eu quiser ter um corpo saudável e bem proporcionado, não será preguiçosamente sentado, comendo sanduíches e ingerindo refrigerantes que eu irei consegui-lo, mas na constância da prática do exercício físico e numa dieta alimentar balanceada (sempre supervisionadas por um profissional da área e seu médico). Se eu quiser fazer a tão sonhada viagem de férias para aquela praia paradisíaca, devo, desde já, ir economizando, estudando roteiros, consultando tarifas, fazendo reservas, programando tudo o que se fizer necessário para suprir a minha ausência durante o período que estarei ausente. Se eu quiser que meu relacionamento seja pleno, tenho que aprender a lidar com as minhas emoções, a desenvolver meu conceito de companheirismo, de cumplicidade, a melhor controlar minha impaciência, meu mau-humor, a aprender a balancear os defeitos e as qualidades do outro, a perseverar no meu intento face às muitas possibilidades de desistência.

A frase que definiria o MAGO, Arcano nº1 do tarot é "Querer é Poder". Portanto, o grande truque de mágica que essa carta nos ensina é que cada um de nós é o autor, o criador da vida que leva. Capacidade, recursos interiores e oportunidades todos tem, mas assumir esses potenciais e ter vontade de utilizá-los, bem... isso é uma questão de livre arbítrio.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Arcano do Dia: A FORÇA



A FORÇA, Arcano XI (ou VIII, como preferem alguns) do tarot, é a carta da Coragem ou, como diziam os mais antigos, da Fortitude.
Quando pensamos sobre virtudes, ou seja, aqueles atributos fundamentais que nos dignificam como seres humanos e que se contrapõem aos vícios, entre as 4 virtudes chamadas Cardinais (orientadoras) e que polarizam todas as demais qualidades humanas, está a Fortaleza (ou Fortitude). E o que exatamente significa, que espécie de qualidade essa virtude representa?

Desde os primeiros proto-tarots conhecidos, aqueles baralhos com um número muito superior às 78 cartas do tarot como o conhecemos e usamos, encontramos essa figura. Apoiando uma coluna que tomba, ou próxima a uma fera (leão), ela traz a figura de uma elegante mulher, de traços delicados, expressão tranquila, vestida com trajes clássicos e leves, muitas vezes com uma tiara de flores nos cabelos, permitindo ao observador formar a sua própria ideia a respeito dessa virtude.
"Eu tenho a Força!", frase/bordão celebrizada pelo personagem "He-Man" nos quadrinhos e desenhos animados, deveria ser o mantra a ser recitado por todos aqueles que meditam contemplando a carta da FORÇA, ou mesmo por aqueles para quem ela surge numa tiragem de tarot.
Coragem, atitude, autocontrole, domínio, acreditar em si mesmo, ter fé num ideal são algumas qualidades dessa virtude e dessa carta. A FORÇA é aquela característica que observamos em alguma (poucas, infelizmente...) pessoas de não perderem nem o controle de si mesmas, nem da situação, mesmo quando o caos se instala em suas vidas ou ao seu redor.

Representa um equilíbrio conseguido através de um grande esforço. Por isso mesmo a figura feminina que simboliza essa virtude é sempre aparentemente frágil mas forte e corajosa o suficiente para impedir a queda de uma coluna de pedras ou que um leão a ataque. Não é o equilíbrio proposto, por exemplo, pela TEMPERANÇA (Arcano XIV) que é mais sutil, mais espiritual; nem aquele proposto pela carta da JUSTIÇA (Arcano VIII), que é cerebral, racional, frio. Na FORÇA somos impelidos a nos superar em nossos temores e fraquezas humanas. Somos convidados a controlar os nossos instintos, a dominar os nossos impulsos mais primitivos.

Quando essa virtude está presente em nossas vidas sabemos a hora de falar e de calar, de agir e de parar. Sabemos que não precisamos comer uma caixa de bombons para nos satisfazer e que 1 apenas basta. Sabemos que devemos praticar algum tipo regular de exercício (sempre sob supervisão médica) e que, para tanto, vamos ter que derrotar a Preguiça (um dos vícios). Quando vivemos a energia que essa carta representa, temos força e comprometimentos para abandonar os vícios, os maus hábitos, parar em definitivo com tudo o que prejudica nossa saúde ou discernimento, como o cigarro, o álcool, os medicamentos estimulantes ou tranquilizantes.
Além desses exemplos bastante corriqueiros, podemos dizer que estar vivendo as qualidades da FORÇA é quando defendemos, SEM "unhas e dentes", nossa maneira de pensar, nossas ideologias, nosso partido político, nosso candidato, nossa opção religiosa, nosso time predileto, nosso gosto musical. Tudo aquilo, enfim, que fazemos de forma controlada, equilibrada, sem excessos, sem exageros, sem extravagância, sem nos deixar levar pelas emoções, pelo "calor" da discussão, sem querer impor nada a ninguém, atesta o fato de nos conhecermos tão bem que, mesmo diante dos desafios mais grotescos, das agressões, das situações desequilibradas, continuamos íntegros.

Experimentar as qualidades contidas no conceito FORÇA é, antes de mais nada, ser civilizado. É saber abster-se de reações mercuriais, de atitudes descontroladas e intempestivas, de saber quando e como falar e também saber quando calar e ouvir, nunca provocar ou desafiar, de defender tudo aquilo que acredita com entusiasmo e ponderação. É saber respeitar o outro na sua totalidade. Isso implica na famosa e tão pouco praticada filosofia da "não agressão" pregada pelo líder indiano Gandhi.
A FORÇA é uma radiografia da real capacidade do indivíduo no seu viver em sociedade e na forma de interagir com o seu semelhante e tudo o mais o que compõe o seu entorno, o seu universo. É a consciência que sob estresse, sob a influência de determinadas circunstâncias, ou de medicamentos, de drogas, e mesmo por distúrbios neurológicos ou psicológicos podemos dar vazão a uma agressividade (seja ela na forma de violência física, nos abusos verbais, nos excessos sexuais, nos descontroles alimentares, na apatia, no estado depressivo, etc) primitiva, que carregamos em nossos genes desde tempos imemoriais.
Vivenciar as melhores qualidades exemplificadas na carta da FORÇA é tomar consciência dos nossos medos, temores, angústias, delírios, agressividade, vícios, dificuldades específicas, da possibilidade de sermos ofendidos, derrotados, humilhados, preteridos, vencidos e, ainda assim, mantermos o espírito elevado e a fé em nosso potencial. É ter domínio sobre a fera (os instintos mais brutos, mais primordiais) que existem desde sempre em nós, não deixando que eles dominem a nossa capacidade de raciocinar, de avaliar, de julgar, de empatizar, de perdoar, de amar. Não é, em nenhum momento, viver na passividade, no conformismo, na omissão, olhando a vida de longe, de forma anêmica. Não é ser covarde: é ser sábio, sabendo canalizar e utilizar toda essa energia para atos mais autênticos, sensatos, elevados, dignos de atenção, e não fazer da própria vida o ringue de um clube de luta.


O Arcano XI nos ensina que podemos dizer não com firmeza, expressarmos nossas opiniões e pontos de vista sem abusar e magoar. Que podemos argumentar sem ofender. Que podemos reclamar os nossos direitos apenas mantendo o foco num ponto de vista lógico, válido, digno, equilibrado, civilizado, não dando a chance ao opositor nos desorientar e perder nossa linha de raciocínio e autoridade sobre a questão. Escapar, terminantemente, da expressão "olho por olho, dente por dente", pois isso, realmente, só vai acabar numa enorme população de cegos e desdentados.
A FORÇA nos aconselha a não sermos destrutivos ou autodestrutivos, mas íntegros, senhores de nós mesmos, carismáticos, sabendo manipular e direcionar nossas energias com sabedoria, de maneira razoável, corajosa, confiante, controlada porém plena, a fim de obtermos os resultados pretendidos, sempre dentro de um meritório caminho evolutivo.
O escritor alagoano Graciliano Ramos nas páginas finais do seu livro "Caetés" coloca o personagem principal fazendo essa brilhante reflexão sobre a nossa condição de "humanos civilizados" diante de qualquer adversidade:

"Não ser selvagem! Que sou eu senão um selvagem, ligeiramente polido, com uma tênue camada de verniz por fora? Quatrocentos anos de civilização, outras raças, outros costumes. E eu disse que não sabia o que se passava na alma de um caeté! Provavelmente o que se passa na minha, com algumas diferenças. Um caeté de olhos azuis, que fala português ruim, sabe escrituração mercantil, lê jornais, ouve missas. É isto, um caeté."

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

3 de Paus: os primeiros resultados


Os Arcanos Menores são aquelas 56 cartas que costumam acompanhar os 22 Arcanos Maiores do tarot tradicional. Divididas em 4 naipes (paus, copas, espada, ouros) apresentam a seguinte estrutura: 10 cartas (Às a 10) e 4 figuras da Corte (valete, cavaleiro, dama e rei).

O naipe de Paus é aquele que representa a energia criativa que somos e que nos circunda. É um naipe masculino, fálico e associado ao elemento Fogo, sendo facilmente associado ao trabalho (pois acaba "dando frutos", aos negócios (porque gera ações benéficas e produtivas para as partes), aos investimentos (crescimento do capital aplicado) e projetos (visam a "criação" de algo novo).

Esse naipe está diretamente ligado à nossa capacidade de inventar, de ousar, de criar alternativas. É o nosso lado impetuoso, ativo, criador, artístico, voluntarioso, espiritual, imaginativo, místico. O fogo é, frequentemente, associado às paixões, ao poder de "dar vida", de transformar, de alterar a forma e estrutura. É da mitologia grega o mito de Prometeu, que roubou o fogo de Zeus para dar vida à raça humana, que ele havia moldado em barro. Aliás, esse mito da criação se repete, com pequenas alterações, em quase todas as culturas e religiões. O fogo simboliza, em resumo, a própria Vida, o "sopro de vida", o espírito do qual fomos imbuídos no momento da concepção.

Por analogia fica, então, fácil pensar que, no tarot, ele também irá simbolizar essa capacidade que os seres humanos tem de terem ideias, conceberem imagens mentais daquilo de desejam realizar e partirem em busca da concretização das mesmas.

O 3 DE PAUS costuma representar um sucesso que chega até mesmo antes de verdadeiramente o merecermos. Imagine que você tenha inaugurado uma loja de sucos, no auge do verão. Seja por curiosidade, ou porque está mesmo muito quente, ou porque você está vendendo os melhores sucos da cidade, sua loja está, desde o dia da inauguração lotada, com filas de clientes ansiosos para consumir seu produto. Todos o cumprimentam pelo sucesso, pela ideia genial de abrir uma loja de sucos numa época tão quente, num mês de férias, num local tão apropriado a esse tipo de comércio.
Você pode dizer, então, que está vivendo os melhores aspectos da energia do 3 DE PAUS: sucesso inicial, rápido, comercialização bem sucedida do produto, momento adequado para angariar clientes para a sua mercadoria, boa estratégia de calendário (sucos naturais gelados = verão + férias).
Aproveite, então, esse seu momento. Procure solidificar seus negócios em cima desse sucesso inicial, não desperdice oportunidades, pois não significa que ele irá durar.

O número 3, que é um número bastante promissor quando pensamos em "dar à luz" a algo que geramos, localiza-se no início da sequência numérica (de Ás a 10) do naipe. Até você poder avaliar com muito mais certeza a "saúde" do seu negócio, no caso, da sua loja de sucos naturais,ainda há que caminhar mais 7 passos, mais 7 cartas.
Os empresários e administradores costumam dizem que não temos condições de avaliar se um negócio irá ou não dar certo, ser lucrativo, proporcionar retornos, antes de 2 anos de funcionamento. É preciso que a ideia seja entendida e consumida continuamente pela clientela. Não basta todos consumirem nos primeiros dias, nos primeiros meses e, depois, passada a novidade, desaparecer a clientela. É preciso também que a qualidade do serviço prestado continue dentro de um mesmo e satisfatório padrão, sem deixar que a clientela se esvaia, não por desinteresse na mercadoria, mas pela má qualidade do serviço ou do próprio produto.

A imagem mais conhecida do 3 DE PAUS nos é dada pelo tarot chamado RIDER-WAITE e mostra um homem em pé, ao ar livre, numa elevação de terreno, olhando uma enseada onde diversos barcos se movimentam em direção ao mar.
Essa é uma belíssima interpretação gráfica dessa carta pois, se nos utilizarmos do exemplo dado acima da loja de sucos, o homem olhando para o infinito, onde seus barcos se movem é o próprio dono da empresa, do negócio, dono da loja de sucos naturais que, depois de  ter "lançado seus barcos ao mar" (disponibilizado seus produtos para o público em geral), supervisiona, apoiado num bastão (cetro, bengala, paus: suas ideias, sua vontade, seu desejo, sua criação) que está brotando (repare as pequenas folhas nele) de forma bem sucedida, ou seja, dando seus primeiros resultados.

Inúmeros são os exemplos concretos do que essa carta representa na  vida real. Basta que tentemos nos recordar de dezenas de pessoas que fizeram sucesso instantâneo, venderam 1 ou 2 CDs, eram presenças constantes em programas de TV, percorreram o país fazendo shows, foram capa de revista, assunto de páginas e mais páginas nas diversas mídias sociais e que desapareceram no mesmo anonimato de onde surgiram. Notoriedade qualquer um pode alcançar, bastando permitir-se uma boa dose de sorte, de oportunismo e de carência específica do mercado consumidor. E, sempre é bom lembrar: fama não é necessariamente sinônimo de sucesso pois pode ser alcançada através de atos muito escusos.
Sucesso, para ser sólido, constante, demanda doses homéricas de trabalho, disciplina, renovação, qualidade.

Ainda que O 3 DE PAUS represente um momento a ser celebrado, há de se compreender que existe um longo caminho a percorrer até que o sucesso inicial torne-se permanente, dentro das metas previamente traçadas.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Arcano XV: o lado oculto do ser


Acredito que a grande maioria das pessoas já tenham visto, em algum momento das suas vidas, o símbolo do Yang Yin, aquele círculo formado por duas "gotas", uma branca, a outra preta, cada uma trazendo em seu centro uma pequena porção da cor oposta.

Creio, também, que a maioria saiba que Yang e Yin são nomes para duas energias opostas tipo Bem & Mal, Bom & Ruim, Luz & Escuridão, Verdade & Ilusão, Forte & Frágil, etc. E é para refletir sobre opostos complementares que o Arcano XV, o DIABO, nos convida.

O DIABO é, em termos muito simples, aquele aspecto de nós mesmos que procuramos negar. É o que repudiamos em nós e nos outros. O que nos lembra que somos sujeitos a erros, a defeitos, a características desprezíveis. Alguns psicólogos chamam a isso de "sombra", a parte menos espiritualmente evoluída, menos iluminada, menos elevada da nossa personalidade.
Enquanto Deus, o Criador, representa o caminho a ser seguido, o Arcano XV é a imagem de tudo o que deveríamos evitar. Se Deus é a Verdade, e a Verdade sempre nos libertará, o DIABO é a mentira, a ilusão, tudo aquilo que nos mantém aprisionados.

Para o leitor de tarot, essa carta pode ser interpretada, como todas as demais, de "n" maneiras dentro de um jogo, mas é quase sempre reveladora de conflitos, de desacordos, de estados de espírito exaltados, de discussões acaloradas, de traições, enganos, materialismo exacerbado. O DIABO é conjunto dos 7 Pecados Capitais, dos desvios mais grotescos de comportamento social, dos abusos físicos e morais, de toda e qualquer forma de dependência, submissão ou opressão. É a falta de moral, de ética, de compaixão, de caridade. É o egoísmo personificado e toda forma de compulsão, de intolerância e preconceito. Seu habitat são as trevas da nossa própria ignorância.

Mas, voltando ao início desta postagem, à figura do YangYin, podemos perguntar: onde, então, nesse temeroso arquétipo, encontra-se aquela partícula do seu oposto, do seu contrário, do antagônico?

Fácil: na ambição controlada, aquela que nos faz abdicar de horas de diversão para estudarmos, nos especializarmos e podermos ganhar a nossa vida. Existe no sexo praticado de forma apaixonada, tranquila, satisfatória e na concordância entre os parceiros, e que faz com que a nossa espécie continue a existir. Está presente no prazer da chamada "boa mesa", do prazer na degustação de um bom vinho por exemplo, longe do vício do alcoolismo ou de comer abusivamente. Encontramos essa partícula quando estamos nos divertindo, cantando e dançando, conscientemente entregues aos prazeres dos sentidos, porém longe de transformar tudo num bacanal, num pandemônio. Aliás, Bacco e Pan foram as divindades pagãs que serviram de inspiração para a imagem do DIABO. A partícula do Bem está inclusa nessa energia considerada negativa quando nos preocupamos com nossa aparência, com nossa saúde, quando buscamos refinar nossa imagem pessoal, sem incorrermos nos exageros da mera e inútil Vaidade, essa sim, um sintoma da presença da energia do Arcano XV. Quando permitimos que nos conheçam, que saibam dos nossos talentos e habilidades, da nossa cultura, experiência e sabedoria sem nos tornarmos Arrogantes, sem termos a intenção e nem nos permitirmos humilhar nosso semelhante. Quando sabemos conduzir um debate, uma disputa, uma competição, uma concorrência, um confronto de ideias e conceitos sem nos tornarmos Irados, e saber reconhecer e apreciar as qualidades dos outros, sua capacidade, seu poder e suas posses, seus bens materiais sem nunca vivermos a sensação da Inveja. Quando economizamos para adquirir algo que nos é necessário sem nos tornarmos Avaros, resistindo à Tentação de gastarmos de forma tola, imprudente, incorrendo em dívidas e problemas decorrentes. E também encontramos essa preciosa partícula quando temos atitudes positivas, ativas, de contribuição, colaborativas, não deixamos sucumbir pela Preguiça, pela má vontade, pela falta de iniciativa.

A energia "boa" representada pela carta do DIABO é aquela que nos tira da apatia e nos impulsiona a querer fazer algo por nós e pelos demais, que nos leva a querer conquistar novos patamares, a superar nossas presumidas limitações, a viver apaixonadamente. Quando mal utilizada, nos escraviza a um verdadeiro redemoinho de mentiras, de ilusões, de atitudes equivocadas, falsas, de maus hábitos, de comportamentos execráveis, autodestrutivos, de padecimentos físicos, emocionais e morais.

E, atenção! Ao contrário do aspecto que as diversas formas de expressão artística o representam, essa figura é altamente atraente e sedutora, senão, francamente, que lhe daria atenção? Quem não fugiria das suas garras traiçoeiras se soubesse claramente, e não quisesse se deixar iludir, em que tipo de inferno estava prestes a adentrar?

Mas o que é importante entender, dentro do estudo do tarot, é que todos os Arcanos são bipolares, possuindo aspectos positivos, elogiáveis, virtuosos, e um outro lado, uma porção menos positiva, menos simpática, desejável ou agradável. Isso faz parte do próprio equilíbrio das qualidades que eles possam representar, pois afinal só sabemos o que é errado porque conhecemos, ou sabemos identificar, o que é certo. Entendemos a dor porque conhecemos a sensação de completo bem estar. O riso é o oposto complementar do choro, assim como a alegria o é da tristeza. Como disse o poeta: "Quem passou pela vida em brancas nuvens, e em plácido repouso adormeceu. Quem não sentiu o frio da desgraça, quem passou pela vida e não sofreu, não foi homem. Foi espectro de homem. Só passou pela vida, não viveu!" (Francisco Octaviano). A vida é um aprendizado no malabarismo em equilibrar forças, sentimentos, sensações opostas, buscando sempre o equilíbrio, a estabilidade.

Portanto, quando essa carta aparecer num jogo oracular, ela pode, dependendo da sua posição e das cartas próximas, estar chamando sua atenção para algum tipo de desequilíbrio, algum tipo de excesso, para tomar cuidado com algo ou, então (sempre dependendo das cartas associadas), ser ousado, destemido, impetuoso, enérgico e seguir em frente.
Pode, inclusive, estar avisando sobre coisas bem mais práticas e corriqueiras como tomar cuidado com a possibilidade de queimaduras (use filtro solar, cuidado com as panelas no fogo, não provoque incêndios com seu cigarro) e, até mesmo, de que a temperatura está subindo, fazendo com que reclamemos do calor "infernal" deste verão.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Iemanjá: 2 de Fevereiro


"Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá.
 ......
É dia dois de fevereiro
Quando na beira da praia
Eu vou me abençoar."

Os Orixás, entidades dos cultos afro e afro-brasileiros, permeiam o nosso imaginário e somam à galeria de imagens mentais que fazemos dos santos e anjos e demais figuras místicas ou sacras de outras culturas e religiões.
No dia de hoje, 2 de fevereiro, especialmente o litoral, as partes banhadas pelo mar, recebem um expressivo número de pessoas, de todas as religiões, que vão prestar suas homenagens levando oferendas à Iemanjá, a Rainha, a Senhora do Mar.
Essa entidade espiritual, muito estimada principalmente pelos seguidores da Umbanda, religião nascida no Brasil (ainda que se utilize, em seu culto, das matrizes históricas, culturais africanas), encontra, nos oráculos (e este é um blog que se dedica a comentar sobre oráculos) muita semelhança, na minha opinião, com 2 dos Arcanos Maiores: a Sacerdotisa e a Imperatriz.
Ainda que a iconografia, a representação dessa figura mística seja quase sempre a de uma mulher bela e voluptuosa (semelhante a como a grande maioria dos artistas ilustram a carta nº 3 do tarot, a IMPERATRIZ) há, especialmente no fato de estar intimamente ligada ao elemento Água (mora no mar, transitando entre as profundezas e a superfície), o suficiente da SACERDOTISA, carta nº 2 do tarot.

ATENÇÃO: Nas próximas linhas estarei dando, respeitosamente, a minha interpretação dessa figura cultuada e reverenciada em termos místicos e religiosos exclusivamente sob a ótica oracular, ou seja, a da interpretação imagética do personagem nos jogos oraculares com cartas e tarots.

  O elemento Água é bastante importante para que possamos entender mais facilmente as qualidades, positivas e negativas dessa figura que, como todos os arquétipos, todas as figuras do tarot e dos oráculos, contém em si mesma esses 2 aspectos complementares.
Os líquidos representam a fluidez, a facilidade de contornarem obstáculos. Podem também ser pensados como exemplos de perseverança, afinal "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". Por serem amorfos, assumem a forma do recipiente que os contém, o que lhes dá, ao mesmo tempo, a ideia de facilidade de adequação, de conformismo, como a de não terem personalidade própria, de serem ums "Maria vai com as outras". Frequentemente simbolizam os nossos SENTIMENTOS, que são fluídos, que desconhecem barreiras mas, que, por outro lado, são volúveis, voláteis, instáveis.

Quando pensamos em mar imaginamos aquilo que vemos a olho nú e, também, o que não vemos, o que está submerso, o que imaginamos existir. Sabemos que nos mares e oceanos há momentos de calmaria, de total tranquilidade, e outros de tsunamis, de maremotos, de ondas gigantescas, de correntes marítimas que nos arrastam para longe da segurança. Assim também é o humor, os sentimentos dos seres humanos: o amor que sentimos hoje pode se transformar em ódio, a alegria que experimentamos em determinada situação pode resultar em tristeza, a indiferença pode tornar-se compaixão, a raiva transmutar-se em perdão.
A Iemanjá foram atribuídas grandes qualidades, entre elas estão a sensibilidade, o gosto pela arte, pelo belo, a fertilidade (afinal, a origem do seu nome é "a mãe dos peixes"), seu aspecto maternal, carinhoso, protetor. Num aspecto menos positivo (e tudo na ordem universal é feito de forças que se equilibram) essa entidade, cuja vaidade natural pode acabar por se transformar em orgulho e soberba, pode também usar mal o seu potencial sedutor, transformando-se num ser falso e volúvel.
Quando, num jogo oracular, a questão é dinheiro, o surgimento dessa Orixá é muito bem vinda pois, se o seu domínio são os mares, a quantidade de espécies e o volume de peixes e a sua fertilidade e facilidade de se reproduzirem, representam multiplicação, prosperidade, aumento de riquezas. Nos negócios, é bom ficar atento para ver se Iemanjá não está lhe alertando sobre alguém que possa estar lhe iludindo (o aspecto sereia, aquela que encanta os marinheiros com sua voz e, enlouquecendo-os, os conduz ao fundo do mar...).

Se, por outro lado, a questão do aconselhamento buscado é de origem amorosa é bom pensar que a própria história dessa entidade nos ensina que ela nunca ficou presa a um relacionamento que não fosse fundamentado na harmonia, nas demonstrações de carinho e apreço, numa forma idealizada de amar e ser amado. Portanto, pode ser um aviso que é preciso reforçar as atenções para com o parceiro, valorizando-o como ser humano e como parte fundamental do relacionamento.
Como é uma entidade que vive nas águas, ela pode chamar a atenção para alguns órgãos do nosso corpo como os rins, o estômago, a bexiga, o sistema circulatório que possam estar merecendo uma maior atenção (nunca deixe de consultar um médico para toda e qualquer avaliação sobre a saúde, prescrição e orientação no uso de medicamentos). Pode também representar instabilidade emocional e, até mesmo processos mentais pouco sadios (dependência de drogas lícitas ou ilícitas, depressão). Nesse momento é que percebemos, mais claramente, o arquétipo da SACERDOTISA (carta 2 no tarot) que é o limiar, o portal entre a realidade como a vemos e compreendemos, e os processos mentais mais profundo, mais interiorizados, com os quais temos contato através de sonhos, de insights, da sensação de dejà-vu, de intuições, e a maneira com que os interpretamos.

No sincretismo religioso, Iemanjá associa-se à Imaculada Conceição de Nossa Senhora e à Nossa Senhora dos Navegantes.

 
Num jogo, quando surge a majestosa e exuberante figura de Iemanjá, podemos estar, naquele momento, sincronizados com a necessidade de prestarmos atenção ao nosso corpo, de experimentarmos um novo corte de cabelo, por exemplo, em sermos um pouco mais vaidosos (sem incorrer em exageros de qualquer espécie, visto que a harmonia é fundamental); de redecorarmos (dentro das nossas posses) nossa casa, nosso local de trabalho, mesmo que seja colocando flores frescas nos vasos; em sermos mais generosos, mais atenciosos, mais diplomáticos, mais carinhosos em nossas relações interpessoais; de nos dedicarmos mais à família, sermos mais presentes, mais maternais, inundando nosso lar com abundantes doses de amor (o mar costuma ser considerado fonte de toda a vida, a origem de tudo o que vive, portanto Iemanjá é considerada a Grande Mãe); pode também significar que é tempo de navegar, viajar, explorar novos horizontes, ultrapassar fronteiras; e, finalmente, nos apercebermos que as tormentas e tempestades da vida são eventos naturais e surgem para reorganizar o que é preciso, mas que passam e novos tempos de águas tranquilas surgirão.

Odô-Iyá!

(para Daniela Guimarães, que compartilha seu aniversário com Iemanjá)
 

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

"... e de Louco todo mundo tem um pouco!"



Ciclos são fases, temporadas que podemos cronometrar, medir, avaliar objetivamente ou cientificamente e que acontecerão, de forma repetitiva, independentes da nossa vontade (estações do ano, fases da lua, ciclo menstrual, por exemplo) ou simbolicamente, cuja medida de avaliação é muito mais subjetiva (tornar-se adulto, casar, graduar, iniciar uma profissão, ter um hobby, etc).
Os aniversários, ainda que obedeçam uma sistema cronológico determinado (sempre no mesmo dia e no mesmo mês do nascimento), eles tem um valor simbólico muito mais profundo.
Se enquanto somos muito jovens o passar dos anos significa apropriar-se dos possíveis benefícios reservados aos adultos (poder votar, dirigir, assistir a filmes, peças, shows censurados a menores, viajar sozinho e sem autorização, ter seu próprio negócio), quando maduros podem nos lembrar da sutil, mas constante, aproximação de um outro final de ciclo, o da própria vida. Ninguém ou nada vivem para sempre. Os ciclos naturais também existem em medidas mais ou menos pré-determinadas para tudo o que conhecemos.
Mas o "fazer aniversário" é sempre uma celebração à vida, até mesmo para aqueles que dizem "esquecer" da própria data de nascimento. Conscientemente ou não, meticulosamente ou não, acabamos por fazer algum tipo de avaliação, de reflexão sobre o tempo vivido até então.
Passam pelos nossos pensamentos imagens muito antigas, da infância, de momentos marcantes pela alegria e outros pelo sentimento oposto; nos revemos em situações vividas anteriormente, com pessoas conhecidas e outras cuja imagem física parece ir-se diluindo em nossa memória.
Aproveitamos então as primeiras horas do dia para fazermos planos, promessas de novas atitudes, comportamentos, ações, para aquele novo ano que se inicia. Quase o mesmo ritual do réveillon, da passagem de ano, do 1º de janeiro, este também um ciclo criado como medida de tempo pelo ser humano. Por mais pessimista que possa ser o momento vivido pelo aniversariante, o simples fato dele estar completando mais uma volta, desde o seu nascimento, em torno do sol que ilumina nossa galáxia, só isso basta para trazer alguma esperança. Afinal, completou-se um ciclo e, por que não, começar de novo com tudo (ou pelo menos algo) novo?
No tarot, algumas cartas individualmente podem representar esse sentimento de completude e recomeço: o Julgamento (ou Juízo Final) e a do "arcano sem número", o Louco. Se no arcano XX (o Julgamento) somos convidados a ouvir o chamado para "renascer", com novas energias, esperanças e conhecimento, no Louco temos representado o arquétipo da criança, do inocente, no neófito, daquele que começa a sua jornada iniciática.


Esse título (Louco) vem de algo mais místico e nada tem a ver com a loucura registrada nos compêndios médicos ou qualquer deficiência de desenvolvimento mental ou, mesmo, de caráter. Estamos falando aqui daqueles que eram chamados antigamente de "loucos de Deus", daquelas criaturas que ainda não se deixaram contaminar pelos "pecados" do mundo, desconhecem as "regras do jogo", são puras em suas intenções e fazem o que fazem guiadas pela intuição. E, pergunto, o que é intuição senão um conhecimento que possuímos e que não foi ou é adquirido nos livros, nos bancos escolares, nas academias e templos, na educação regular e familiar, mas sim algo muito mais antigo, muito mais interiorizado. Uma forma de sabedoria "pré-instalada" (se me permitem a comparação) que cada um de nós possui, desenvolve e se utiliza se quiser, como quiser, onde e quando quiser.
Assim o Louco, autêntico representante de todos os começos, de todos os primeiros passos, primeiros momentos, primeiros dias (1º dia na escola, 1º dia de casado, 1º dia no novo trabalho, 1º dia na nova cidade, 1º dia de namoro, etc), de toda experiência nova que decidimos assumir, de todos os riscos que assumimos correr, inicia uma jornada que, em termos tarológicos, irá percorrer as demais 21 cartas e com isso todas as virtudes e vícios dos Arcanos que as representam.
Hoje, 31 de janeiro, representa o fim de férias para muitos e a volta à rotina, ao trabalho, à escola, aos amigos, à família. Ainda que tudo possa parecer, em muitos casos, um retorno à mesmice do dia a dia, ainda assim voltamos com energias renovadas, com conhecimentos adquiridos, com novas perspectivas, com um repertório de assuntos renovados. Vamos começar "de novo"!!! Estaremos tendo a oportunidade de nos posicionarmos nessa estrada com curiosidades por novas coisas, com vontade de nos dedicarmos a algo diferente, sem precisarmos manter compromissos com opiniões, vínculos e atitudes que já se provaram caducas, que já estão com seu prazo de validade vencidas, que já nos acompanharam boa parte do caminho mas que agora já não se fazem mais necessárias.


É hora de celebrar mais um aniversário: o da "Nova Oportunidade", o do "Novo Dia", o do "Novo Começo", lembrando sempre que não há como apagar o passado, mas sempre se pode desenhar um futuro novo e brilhante. Para tanto basta fazermos uma reflexão sobre o que passou, assumirmos e aceitarmos os acertos e erros cometidos e, com essa experiência adquirida somada à intuição, abrirmos nossa mente, coração e espírito, para a aventura que agora começa: sermos "loucos de Deus" a construir o nosso próprio Destino.


(ao amigo Victor Cossini)