sábado, 5 de abril de 2014

JUSTIÇA: Arcano 8 do Tarot



O que é que o homem sentado em frente aos seus investigadores tem a dizer ou a esconder?

Qual é a história desse personagem e por que ele se encontra nessa situação? O que querem saber dele as frias, calculistas, “científicas” figuras que o analisam em minúcias? E o que estará escrito nas folhas do processo dos que o avaliam?

O homem, pela imagem refletida nos espelhos dos microscópios, tem o rosto tenso, nervoso, de quem teme o resultado da sua avaliação. Seus julgadores, por sua vez, tem o olhar impessoal, frio, atento, investigativo, de quem considera unicamente os fatos, de forma analítica, despidos de qualquer paixão ou outro interesse pelo ser humano à sua frente. Aliás, nem mesmo nisso ele se parecem pois seus corpos estão transformados em instrumentos de pesquisa, ampliando os detalhes sob possantes conjuntos de lentes.

Encontramos semelhanças no olhar abstraído dos 3 julgadores com o da figura da JUSTIÇA do tarot. É um olhar que parece não estar concentrado no que se vê, mas ultrapassa a camada mais evidente da realidade, em busca da essência do personagem ou do fato. Pois a Justiça não deve ater-se às aparências, pois as sabemos enganosas, e sim utilizar do seu instrumental (a espada, no caso da carta do tarot, ou as lentes de aumento, no caso da imagem acima) para obter respostas que não permitam equívocos, evasivas, subentendidos, ou mesmo, desculpas.

Imparcialidade tanto no processo investigativo quanto no julgamento é o que essa espada em riste, que a mulher da carta do tarot segura, significa. Ela oferece a mesma condição de análise, o mesmo critério e extensão de julgamento, o mesmo tipo de punição em ambos os lados da lâmina. Não beneficia ou privilegia a nada ou ninguém. Não tem opinião própria, pois baseia-se em fatos, em evidências, em medidas e critérios criados pela sociedade como um todo, a cada época, para regular o convívio social.

Todos os aspectos relacionados à questão são beneficiados com a mesma imparcialidade, representada pelos pratos nivelados da balança, ou, no caso da ilustração acima, pelo número ímpar de “juízes”, todos com as mesmas características e semelhanças. Essa maneira de “ver” a todos sob a mesma ótica, beneficiando-se das mesmas condições, é traduzido pela imagem da JUSTIÇA “cega”, com os olhos vendados, indiferente às diferenças naturais dos seres humanos. Todos são iguais perante a lei, é uma afirmação que justifica a venda sobre os olhos, eliminando a complacência do olhar apaixonado e permitindo que apenas a razão pura prevaleça.

JUSTIÇA é uma virtude e um ideal, mas esses são critérios que sofres alterações constantemente, acompanhando a evolução dos seres que habitam este planeta. Se a idéia do que é justo é algo divino, as leis que a descrevem, regulam e sacramentalizam são criadas por seres em evolução e, portanto, passiveis de cometerem constrangedores enganos em seu nome.

Ainda que esse Arcano Maior possa representar assuntos relacionados com a Justiça dos homens (ações, processos, juízes, advogados, promotores, audiências, causas, pareceres, documentos, etc), ela fala diretamente ao padrão ético e moral de cada indivíduo. É sobre como analisamos, investigamos, tiramos conclusões e aplicamos julgamentos nos fatos e nas pessoas que permeiam nosso dia a dia que essa carta de nº 10 do tarot se relaciona. O quanto somos, ou não, tendenciosos, irresponsáveis, prepotentes, relapsos, venais, cruéis, capazes, justos, rigorosos, sérios, descomprometidos ou éticos ao avaliarmos as nossas ações e, naturalmente, as alheias.

Quando olhamos a imagem do homem sentado, quase acuado, ansiedade estampada no rosto e na postura, frente aos seus inquisidores, também nos leva a pensar que estamos constantemente sendo avaliados em nossa conduta e desempenho. Seja no trabalho, no âmbito familiar, pelas nossas posições políticas, filosóficas ou religiosas, pela nossa conta bancária, pelos nossos talentos ou a falta de alguns deles, onde moramos, como nos vestimos e comportamos, o que ou quem frequentamos e, até mesmo, pela nossa aparência física, há sempre algum tipo de julgamento sendo realizado.

Se a perfeita idéia de Justiça é tão somente um ideal, que possamos dele nos utilizar de forma precisa para que todos possamos viver dignamente, respeitando diferenças e, assim, nunca incorrermos no triste ato de desequilibrar os pratos da balança e, com isso, a harmonia no Universo.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

A RODA DA FORTUNA: o destino como uma montanha-russa



 
“Roda mundo, roda-gigante,
Roda destino, roda pião,
O mundo rodou num instante
Nas voltas do meu coração”
(RODA VIVA, Chico Buarque de Hollanda)

Impermanência é uma palavra que soa imponente, mas poderia ser traduzida como a “fragilidade do momento”. Nada é eterno, tudo tem começo e fim. Nada permanece. Tudo vive dentro de ciclos mais ou menos pré-definidos.
Uma árvore pode existir por centenas de anos. Nosso cachorro, animal-amigo de estimação, não atinge 20 anos. Uma flor, como a chamada “Dama da Noite”, apenas algumas pouquíssimas horas. Nós, seres humanos, com raríssimas e espantosas exceções, ultrapassamos nosso centenário de nascimento.
Medimos a vida em ciclos. Há um tempo para nascer, e outro para morrer. O dia e a noite se alternam em ciclos regulares. As estações do ano se fazem perceber em exuberância ou em pequenos detalhes a cada 3 meses. Utilizamos a volta que a Terra, nosso planeta, dá ao redor do Sol, para estabelecermos um calendário, dimensionarmos os dias, as semanas, meses e anos.

Dentro das nossas próprias vidas, ciclos acontecem: infância, juventude, maturidade, velhice, por exemplo. E dentro de cada um desses aspectos da nossa própria evolução, muitos outros ciclos surgem e desaparecem. Podemos dizer, filosoficamente, que aprender a viver é um ciclo contínuo, onde começamos inexperientes, adquirimos algum saber e então percebemos como estamos distantes de tudo o deveríamos conhecer. E aí então, reiniciamos mais uma etapa dessa jornada de descobertas.

A RODA DA FORTUNA, o Arcano Maior de nº 10 do tarot, nos incita a refletirmos exatamente sobre o fato que nada é ou dura para sempre. A própria Vida poderia ser representada como uma roda-gigante de um parque de diversões: ora estamos no alto, ora descendo, outras vezes embaixo, e algumas, subindo. Constantemente em movimento, nossas vidas são feitas de momentos, alguns mais felizes, outros mais soturnos, instantes de sorte, outros de perdas, momentos alegres se alternam com os de pesar, dias de muita ação são compensados com outros de recolhimento. Nada é para sempre.
“Fortuna”, neste caso, significa o destino de cada um. E destino a gente ajuda a construir. Não podemos alterar o dia em que nascemos, ou a família na qual nascemos, nosso DNA, nossa genealogia, mas podemos colaborar para que aquilo que gostaríamos fosse diferente, venha a ser da maneira que queremos. Esforçar-se para ter uma vida digna, útil e plena é louvável. 

Problemático é quando não estamos contentes com nada, quando ficamos lutando contra nós mesmos ao invés de tomarmos ações positivas, justas e significativas para o nosso bem viver. Se o que desejamos é ter muito dinheiro para gastar, é melhor começar instruindo-se e preparando-se para poder trabalhar com qualidade e economizar, ao invés de passar a vida lastimando-se da “má sorte”, nutrindo inveja e rancor por quem é rico, além de arriscar-se a querer viver de aparências, gastando o que não pode e incorrendo em sérios problemas financeiros. Se não desejamos ficar doentes, devemos nos alimentar bem e saudavelmente, praticar exercícios regularmente, evitar cigarros, bebidas e drogas, fazer um “check-up” pelo menos anualmente. Todos sabemos disso, mas quantos de nós realmente abandona a cômoda sensação que a vida sedentária induz, que abre mão da ingestão de alimentos considerados nocivos por serem gordurosos demais, ou conterem muito sal ou açúcar, ou mesmo por serem processados? Às vezes o destino pode ser alterado para melhor quando abrimos mão de alguns prazeres que nos parecem inocentes.

Quando reconhecemos que tudo é perecível, que tudo é impermanente, passamos a valorizar menos o que existe fora de nós e que, muitas vezes, passamos a vida toda empenhados a conquistar, a possuir. A RODA DA FORTUNA propõe que pensemos o que realmente precisamos fazer por nós mesmos para que não vivamos uma vida de altos e baixos, de subidas e descidas, de momentos de glória e outros de sofrimento, e nos convida a nos encaminharmos para o centro da RODA, onde os efeitos do seu girar são menos percebidos.

Quando a carta nº 10 dos Arcanos Menores sair numa tiragem de tarot, aceite como um convite para compreender que mudanças significativas estão ocorrendo, sobre as quais não temos total controle, mas que podemos colaborar para que seus efeitos negativos (se for o caso) sejam menos impactantes, ou que os positivos (tomara todos fossem!) sejam acolhidos com sabedoria e alegria.

E é bom que sempre que estivermos desarmonizados em relação a episódios que vão se sucedendo em nossa vida, que lembremos de um dito popular muito antigo, mas que revela uma sabedoria muito mais antiga ainda: “Não há bem que sempre dure e não há mal que nunca acabe”. O importante é aprendermos com o girar da RODA DA FORTUNA a termos uma vida menos focada no que é perecível e muito mais voltada ao nosso desenvolvimento interior.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

9 DE ESPADAS: Pânico


Poucas coisas podem ser piores do que as consequências causadas por fantasias mórbidas. Se há algo que desestabiliza por completo qualquer ser humano é a nossa própria imaginação quando, às vezes, resolve nos pregar peças. O corpo reage imediatamente com descargas seguidas de adrenalina que só fazem aumentar vertiginosamente a ansiedade, a sensação de perigo e morte eminentes. Um pavor irracional e absoluto toma conta do indivíduo, que se sente totalmente desprotegido, à mercê de algo que ele não compreende, não visualiza corretamente e que distorce a realidade. Tontura, sudorese, taquicardia, paralisia momentânea, necessidade de fugir sem saber exatamente do quê ou para onde são alguns dos sintomas mais comuns.

Quando a pessoa acometida desse mal consegue superar a vergonha de confessá-lo e procurar ajuda terapêutica adequada, o processo de cura é mais ou menos rápido, dependendo em quanto essa absoluta e injustificada sensação de insegurança está neuróticamente instalada e sedimentada no sujeito. Síndrome de Pânico costuma ser o nome popular dado a esse conjunto de sintomas motivados por uma alteração química, ou qualquer outro motivo que a ciência e os terapeutas profissionais, justifiquem o desencadear de medos, terrores, angústias totalmente injustificados.
A figura clássica da mulher sentada em sua cama, no meio da noite, com as mãos segurando a cabeça, e com 9 espadas pendendo sobre si, é uma boa ilustração para essa síndrome.

A idéia de isolamento e imobilidade para fugir, de viver às escuras, sem saber quando, onde ou porque será acometida novamente por um surto, tentado, com as mãos, impedir que o cérebro libere imagens aterrorizantes costuma ser bastante bem reproduzida pelos ilustradores das cartas dos diversos tarots existentes no mercado.

Leva algum tempo, e muita ajuda especializada (lembre-se sempre de procurar o parecer de um médico para toda e qualquer questão que envolva sua saúde física ou mental), para o indivíduo acometido por essa condição compreender que seus pensamentos, naqueles momentos de surto, não refletem a realidade e que é um episódio de breve duração, às vezes pouquíssimos minutos. Sabe também que respirar tranqüila e ritmicamente, evitar entrar em desespero tentando o que parece ser impossível, ou seja, relaxar, irá ajudar na brevidade da crise. Mas enquanto ela dura, ainda que sejam alguns intermináveis segundos, é uma experiência aterrorizante.

Mas no Tarot, quando temos escuridão na representação da carta devemos entender que além daqueles limites reina a luz. A luz que revela a verdade, que esclarece os fatos, que elucida os problemas, que elimina as assustadoras sombras e sons ouvidos à noite. O escuro da ignorância, do não saber o que fazer, do não entender o que está acontecendo limita-se exclusivamente àqueles breves momentos do surto, pois a luz existe, basta que a reencontremos.

É preciso aproveitar os momentos mais iluminados para buscar ajuda profissional adequada e, também, conscientizar-se de que nada de concreto, verdadeiro, premonitório ou espiritual existe naqueles terríveis momentos de crise. Que tudo não passa de mera fantasia mórbida e, como toda fantasia, tem data para acabar e não deve e nem pode competir com a verdade, a lógica e a razão.

Observando a imagem da carta do 9 DE ESPADAS que ilustra este comentário, encontramos nela claros sinais desse tipo de tormento mental. O medo incontrolável ao sentir, sem conseguir justificar, que algo de terrível está para acontecer. Que o planeta vai girar fora de sua órbita e estaremos vagando na infindável escuridão espacial, que a água do banho de chuveiro irá nos afogar, que acordaremos completamente desmemoriados sem saber quem somos, que o telefone irá tocar avisando que nossos filhos sofreram um terrível acidente, que sofreremos uma crise durante uma viagem de avião e que correremos até a porta, destravando-a e causando a queda do aparelho...

Soturnos delírios da imaginação. Pânico. A noite mais escura da alma.

O importante, ao receber essa carta numa tiragem de tarot, é saber que ela alerta para algo que não é real e que só existe na nossa imaginação, fruto de uma confusão mental que gera pensamentos sombrios. É preciso lembrar-se que, alternando com a noite virá a claridade e a energia do sol, apagando esses fantasmas, elucidando mistérios e favorecendo as verdadeiras razões do que se esconde entre as sombras.

terça-feira, 1 de abril de 2014

5 DE OUROS: exclusão e impedimentos


A fotografia acima é a síntese dos muitos problemas enfrentados por todos os portadores de deficiências físicas: o descaso generalizado em relação às suas necessidades.

Estar impossibilitado de locomover-se com as próprias pernas e deparar-se, como na foto acima, com uma escadaria, é mais do que um obstáculo a ser enfrentado, mas a certeza que a sua situação não merece o mesmo tratamento que é dispensado aos demais cidadãos. A História está repleta de casos, em todas as épocas e locais, que traduzem a marginalização  imposta pela sociedade a alguns dos seus membros por não estarem "em acordo" com o que ela considera certo, correto, representativo. 


O cadeirante, na imagem, não tem acesso ao que pretende porque as demais pessoas, intencionalmente ou por descaso, não levaram em consideração a sua condição ao planejarem a escadaria. E, pelo tamanho da mesma, é como se ali estivesse para lembrá-lo que aqueles que não estão em concordância com os padrões estéticos, econômicos ou culturais de um determinado momento histórico, serão punidos por isso, vetando-lhes atingirem seus objetivos. 


A artista plástica Pamela Coleman Smith, ilustradora do tarot do ocultista Arthur E. Waite, criou para o 5 DE OUROS uma outra imagem, também forte, onde a idéia de ostracismo, exílio, abandono, descaso, injustiça social é evidenciada. As duas figuras que perambulam pela rua, sob uma nevasca, passando num cenário urbano onde não há uma porta sequer onde possam pedir ajuda e abrigo, foi a maneira pictórica que a artista encontrou para representar a noção de rejeição, de falta de apoio social que os dois caminhantes enfrentam. Um deles, deficiente, utilizando-se de uma muleta (simbolicamente: qualquer forma de incapacitação física) e com uma bandagem a lhe envolver a cabeça (simbolicamente: qualquer forma de comprometimento mental), com um sino pendurado ao pescoço, para, de antemão, anunciar a inconveniência da sua presença, indigna e inaceitável. A outra figura, feminina, envolve-se em panos rotos e caminha descalça pela neve, num evidente estado de miséria e privação (simbolicamente: o colapso do aspecto material, da falta de recursos e acesso aos mesmos). Ambas caminham sob uma janela, onde um grande vitral com o desenho de uma "árvore da vida" formada por cinco pentáculos, é iluminada do seu interior, como que a nos lembrar que o abrigo, a segurança, o otimismo, as possibilidades, o suporte social ou religioso encontram-se bem guardados, protegidos, cultuados, porém inacessíveis aos que não fizeram jus (em que tribunal?) em merecê-los.
 
A idéia de injustiça permeia essa carta. Enquanto isso, no dia a dia da vida real,  pessoas continuam a passar pelas calçadas ou parar em semáforos fingindo ignorar os deficientes,  mendigos e demais eng enjeitados sociais. É como se, recusando-se a ver e conscientizar-se de que há insegurança, carência, impotência, doenças, deformidades e todas as demais formas de privação, isso tudo deixasse de existir ou, pior, que as tornasse imunes aos problemas e preocupações que afligem aos nossos irmãos.

Ainda que o problema da exclusão em todos os níveis da sociedade, comum a todas as cidades independente do tamanho ou localização, deva ser algo a ser resolvido dentro da esfera governamental, é preciso que se estabeleça a responsabilidade individual, já que todo governo eleito nada mais é que a representação do caráter, do estágio evolutivo, das ideologias, crenças, valores éticos e morais, além das aspirações dos eleitores, ou seja: as soluções são encontradas e aplicadas tanto através do empenho individual quanto do trabalho coletivo.

É tempo de arregaçarmos as mangas e desempenharmos a nossa parte.

sexta-feira, 28 de março de 2014

3 DE ESPADAS: a mente sofredora




Diz-se que uma imagem vale mais que mil palavras. Acredito nisso. Penso que qualquer pessoa, de qualquer lugar, ao ver a foto acima faz uma idéia, ainda que vaga, do que se trata.

Todo, digamos, o ambiente da fotografia é hostil: o fundo, a madeira onde o coração está preso, o arame farpado e até a iluminação, que privilegia os tons frios, azulados, concorre para que a imagem, em seu conjunto, tenha essa incômoda estranheza. Só o coração, apesar de tudo, é brilhante em seu vermelho que nos remete à idéia da paixão, do amor intenso, do pulsar pela vida, das emoções em ebulição.

O 3 DE ESPADAS, como a grande maioria das cartas do naipe de Espadas, representa uma forma de sofrimento a nível do racional, do intelectual, das nossas faculdade de pensarmos as situações que vivemos. Esse Arcano Menor, especialmente, nos remete à idéia do quanto nossos pensamentos podem afetar os nossos sentimentos. O quanto uma maneira racional, que necessáriamente não necessita ser correta, adequada ou justa, pode refletir nas emoções que sentimos.

Discussões desnecessárias, quando aproveitamos para magoar os sentimentos alheios, discórdias entre os membros de uma família, situações tolas e ofensas que acabam por desestabilizar um relacionamento são típicas de serem identificadas quando essa carta aparece numa tiragem de tarot. Espadas, por si só, já é um símbolo de dor, de sofrimento, pois afinal é uma arma, um instrumento cortante. E quando verbalizamos (com nossa língua, "afiada como uma espada") pensamentos desarmonizados com a realidade, com a verdade, acabamos por literalmente ferir mortalmente quem é o alvo dos nossos comentários. A pessoa que sofre a agressão, naturalmente, fica emocionalmente instável, amargurada, nutrindo sentimentos que vão desde a autopiedade até de revolta e vingança.

O 3 DE ESPADAS também pode surgir quando estamos simplesmente afastados ou impedidos de estarmos com quem gostaríamos de estar, ou de participar de um momento que nos é especial. Por exemplo: o pai que, por motivo de viagem, de trabalho, etc, não pode estar presente no aniversário, na formatura, etc. do filho. A filha que, em viagem ou morando distante, fica sabendo da morte de um dos pais. Os padrinhos que, impedidos pelo súbito mau tempo ou greve de aeroviários, não conseguem chegar a tempo do casamento dos amigos queridos.

Numericamente falando, o 3 é uma das primeiras cartas na sequência de 10 (do Ás ao 10) de cada naipe dos Arcanos Menores. Isso significa que, apesar da instabilidade que representa, da dor, decepção, amargura, ressentimento que simboliza, ainda há outras 7 cartas a serem percorridas, ou seja, os sentimentos provocados neste ponto são passageiros, não deverão perdurar. Portanto, se numa tiragem de tarot aparecer essa carta, procure evitar confrontos verbais ou escritos, reflita melhor sobre a situação que provoca o conflito, busque ser justo e compreender também a posição do seu antagonista, evite ao máximo situações de estresse e controle seus ímpetos. Assim procedendo, você estará diminuindo a possibilidade de erro e assumindo o controle da situação de forma bastante diplomática, ainda que firme.

E, se o 3 DE ESPADAS for o retrato do sentimento que neste momento você está vivendo, procure não nutri-lo e lembre-se que dias melhores virão.

quinta-feira, 27 de março de 2014

7 de Paus: Coragem para defender seus ideais.


Dois contra uma multidão. Esta foto, de forma muito eloquente, é a imagem real do 7 DE PAUS, uma das 56 cartas que compõem os Arcanos Menores do tarot.

Ainda que a ilustração clássica dessa carta registre unicamente a figura de um homem, no alto de uma colina, ou de qualquer outra posição elevada, defendendo-se, ou brandindo, com um bastão contra outros 6 que, mais abaixo, o ameaçam, a fotografia acima fala por si própria: defender seus pontos de vista, seus objetivos, suas crenças, sua vontade, não temendo a confrontação. O fato da figura retratada no tarot estar num plano mais elevado, carrega a informação de que ele está em melhor condições de defender seus argumentos e interesses frente aos demais. Já se encontra num patamar mais alto, já atingiu um nível de sabedoria e força de vontade maior que os outros que o ameaçam. 


Essa carta traz consigo uma mensagem bastante positiva que incita a quem a recebe, ou nela medita, a defender confiantemente seus atos, seus motivos, seu estilo de vida, sua filosofia e aquilo no que acredita. Para tanto, faz-se necessário analisar detalhadamente seus objetivos e as estratégias empregadas para alcançá-los, corrigindo possíveis enganos, reavaliando prováveis resultados. Isso requer disciplina, autoconfiança e coragem, lembrando que coragem e medo andam de mãos dadas. O medo desestabiliza, roubando-nos a certeza da nossa capacidade e habilidade. Ignorá-lo não é uma solução sábia, pois nos deixa impossibilitados de o observarmos com suficiente clareza e imparcialidade para que possamos melhor avaliá-lo.

Na fotografia ao alto da página apenas 2 homens conseguem, sem aparentar nenhum esforço sobre-humano, conter centenas de pessoas que buscam ultrapassar os portões do que, supostamente, aparenta ser uma grande construção. Sem entrar no mérito do que as levou a optar por essa tentativa de invasão, o que importa é a imagem em si, que tão bem dialoga com a, já comentada, 7 DE PAUS.

Talvez a maioria das pessoas se acovardasse diante dessa turba, cuja força física, pela lógica, em muito supera a das 2 solitárias figuras que os enfrenta. Mas basta olhar a foto atentamente para ver que eles dois estão em posição vantajosa, apesar de tudo. Protegidos pelos muros e altos portões, que na prática, e metaforicamente, abrigam seus interesses, desejos, intenções, sentimentos, eles retiram suas forças da crença em seus valores pessoais e na constância de seus esforços.

Seguros de si e firmes frente o desafio, a vitória fica garantida.

O PENDURADO: quando a Vida nos exige sacrifícios


O jogo “da forca” é aquele em que, a cada letra errada para formar uma determinada palavra, o jogador vai acrescentando mais uma parte ao desenho que o representa. O que ele não pode deixar que aconteça é cometer tantos erros que façam com que seu avatar iconográfico fique completo. O pior é que essa figurinha enquanto vai sendo completada devido aos erros do jogador, vai sendo enforcada.A foto acima tem alguma coisa dessa brincadeira. O indivíduo vai criando marcas nas paredes, que talvez representem os dias em que está encarcerado ou, mesmo, os seus erros. Enquanto isso, vai-se formando, membro a membro, a figura a ser enforcada. E, note-se, o próprio homem já está com uma corda no pescoço...


Quase em todas as diversas representações artísticas do Arcano XII, o PENDURADO (que muitos, Enforcado), encontramos representada uma situação semelhante à da imagem acima. Tudo nele me lembra um tempo forçado de reclusão. Uma época em que nada progride. Paira no ar a ameaça de que a situação pode ainda piorar...

Sem dúvidas, ficar pendurado por uma perna deve ser, antes de mais nada, algo altamente doloroso. Uma tortura. Além do fato de que seria necessário um grande preparo físico, talvez o de um atleta olímpico, para a própria pessoa conseguir flexionar-se de livrar-se da amarra. Ainda assim corre o risco de cair de cabeça.
Tem-se que considerar também o fato de que, imobilizado, o sujeito não tem condições de fazer valer o seu direito de ir e vir, o seu livre arbítrio quanto às opções de onde estar. Como se isso já não fosse o suficiente, ficar numa situação inversa aos demais, contrária àquilo que chamamos de normalidade, expõe o indivíduo ao escárnio alheio. Torna-se motivo de chacota. Tem sua autoestima aviltada. O Ego reduz-se a uma sombra do que já foi.


Ninguém opta por esse tipo de situação de boa vontade ou porque assim o quer, a não ser, é claro, aqueles que vivem de fazerem-se de “pobres vítimas de um destino cruel, enjeitados por todos, frutos do desprezo de um deus cruel”. Normalmente, quando nos vemos nesse triste papel de PENDURADO, é porque não tínhamos ou não encontramos outra opção, está além das nossas forças, da nossa vontade. É um acontecimento que não temos controle, ao qual temos que nos resignar e vive-lo em sua extensão, esperando que, ao menos, sua duração seja breve e que possamos descobrir logo a "palavra oculta", a razão do porque estarmos envolvidos em tal episódio, e nos livrarmos da corda que vai, como no jogo da forca, se apertando em nossos pescoços. 


É comum nos perguntarmos, enquanto passamos por situações que nos limitam a ação, nos sufocam, nos obrigam a rever toda uma filosofia de vida, ou que nos forçam a esperar por resultados que parecem nunca acontecer, se realmente acreditamos numa recompensa qualquer para esse tipo de, digamos, tortura ou sacrifício. Grande parte das ilustrações desse Arcano acrescentam um halo de luz, numa referência quase explícita à divindade ou à iluminação interior, no pobre coitado que balança pendurado pelo pé. Isso para nos recordar que todo sacrifício nos redime, nos eleva espiritualmente, nos torna melhores e deles saímos mais sábios, experientes, preparados, com um outro olhar sobre tudo e todos.


Quando essa carta surge numa leitura de tarot, dependendo, é claro, da sua posição na jogada e das
outras cartas que a acompanham, que devemos nos preparar para um período de "pés e mãos atados". Aquelas épocas em que, por algum motivo, ficamos impossibilitados de tomar alguma ação concreta.

Alguns exemplos: uma doença que nos obriga a ficar acamados, a perda ou quebra de um equipamento indispensável ao nosso trabalho, o tempo que o banco demora para realizar a transferência tão aguardada, os dias e anos que dedicamos nos cuidados daquele ente querido adoentado, ficando-lhe todo o tempo à cabeceira ou à disposição.


Em todos esses exemplos à o caráter de resignação, de imobilidade, de auto sacrifício o que de mais significativo essa carta sugere. E o que fazer nessas situações, já que normalmente não temos total controle das mesmas? É aí que entra a reflexão proposta pelo PENDURADO que é a de que esses períodos em que a nossa vida parece estar em estado de suspensão são preparatórios para os que virão a seguir, quando então, de alguma maneira, seremos recompensados e talvez essa recompensa esteja muito mais ligada à nossa evolução no rumo do crescimento espiritual. 
Esperemos que assim o seja.