Assinado: Jesus, Maria e Jeanne la Pucelle
O parágrafo acima, claro, objetivo, corajoso, extraído de uma carta pedindo a rendição dos ingleses, foi escrito por Jeanne la Pucelle, Joana D'arc, também conhecida como a “Donzela de Orléans, uma visionária e mística francesa que, vestida
em sua armadura, lutou pela liberdade de seu país contra os ingleses,
nas mãos dos quais foi, finalmente, queimada como herege.
Santa Joana
D’Arc, é o exemplo da mulher que assume um papel considerado masculino
em sua época, defende brava e corajosamente um ideal, tem um componente
espiritual altamente desenvolvido e sucumbe vítima da intransigência, da
arrogância das instituições, da incompreensão de seus contemporâneos,
sem nunca perder a sua fé. Uma arquetípica RAINHA DE ESPADAS.

Sarcásticos, conhecidos pela sua rapidez de raciocínio e pelo humor ferino, podem provocar situações de extremo desconforto com suas críticas e comentários jocosos. Nem todo mundo está preparado para a maneira crua e direta que usam em suas observações e discursos. Entretanto, são verdadeiros paladinos da justiça, combatendo sempre a opressão e a miséria que é infligida em seus semelhantes. E aqui podemos fazer uma referência a uma figura clássica de defensor dos pobres e oprimidos: Robin Hood. E pode um homem representar um arquétipo feminino? Claro que sim, desde que ele tenha como característica um forte componente de bondade, sensibilidade, afetuosidade e elegância em seu proceder.
Estava pensando em como descrever esse arcano quando me ocorreu que poderia ser interessante associá-lo a duas figuras muito importantes dentro do sincretismo religioso vivido em nosso país: Iansã e Santa Bárbara. Ambas, grande guerreiras, implacáveis defensoras de seus pontos de vista, não aceitam submissão ou qualquer forma de prisão. Uma, deusa nos altares dos cultos afro-brasileiros. A outra, santa nos altares católicos.
De Olorum recebeu a missão de atuar sobre todos os aspectos da natureza através do ventos, que ela manipula conforme a sua necessidade de atuação. Às vezes, em forma de tormentas, provocando uma reciclagem, através de mudanças e destruição. Noutras, espalhando o pólen das flores e as sementes das árvores, com uma cálida brisa, permitindo a sua germinação. É ela também que afasta as nuvens, permitindo que Xangô lance seus raios que rompem os reservatórios de água dos céus, fazendo chover.
Santa Bárbara, a sua versão cristã, foi uma jovem mártir dos primeiros séculos do cristianismo.
Morava em Nicomédia, cidade situada na atual Turquia, cujo pai mantinha-a enclausurada numa torre mandada construir para que ela não se desvirtuasse com os hábitos amorais da sociedade da época. Ainda que lhe apresentasse pretendentes, Bárbara os recusava, o que seu pai interpretou como uma forma de rebeldia por viver tanto tempo isolada. Permitiu-lhe então, que fizesse pequenas incursões à cidade, e foi lá que ela se inteirou da nova fé, chegando a ser batizada.
Tendo sua conversão ao cristianismo sido descoberta, seu pai a entregou às autoridades que a torturaram de todas as formas, amputando-lhe os seios, inclusive. Bárbara nunca renegou sua fé para salvar-se. Ao final de seu martírio, seu próprio pai degolou-a. Enquanto sua cabeça tombava, ouviu-se um trovão e um raio vindo dos céus fulminou seu pai e seus torturadores. Nesse momento, ela ascendeu aos céus, com sua cabeça novamente junto ao corpo e a espada de seu sacrifício nas mãos. Santa Bárbara é invocada como a protetora contra raios e trovoadas e padroeira dos mineiros, artilheiros, caçadores, arquitetos, bombeiros e dos que trabalham com explosivos e fogos de artifício.
Essas duas figuras femininas, detentoras de uma força e coragem tipicamente masculinas, são grandes representantes da RAINHA DE ESPADAS, e podem ser vistas, também, como símbolos de otimismo, auto domínio, convicção numa crença, filosofia ou ideal, e uma grande habilidade de avançar em direção de seus objetivos e de fazer justiça.
É isso que, numa leitura de tarot, ao surgir essa Rainha, sempre dependendo da posição dela no esquema do jogo, pode-se interpretar como a necessidade de frieza e imparcialidade de julgamento, de capacidade de raciocínio, de interesse e defesa por uma causa nobre; de organização, estabelecimento de ordem, disciplina e, até mesmo emitir um conselho, uma orientação a quem se fizer necessário.
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